Vereadores aprovam 3 dos 4 projetos de ajuste fiscal em Curitiba; servidores queimam uniformes em protesto

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 26/06/2017
Vereadores de Curitiba aprovaram projetos que retiram R$ 600 milhões de fundo municipal e suspendem planos de carreira - Foto: Antônio Nascimento – Banda B

Foram aprovados pelos vereadores, até às 11 horas desta segunda-feira, três dos quatro projetos de lei de ajuste fiscal, em regime de urgência, do Plano de Recuperação de Curitiba, proposto pelo prefeito Rafael Greca. O primeiro projeto aprovado retira do fundo municipal de aposentadoria dos servidores R$ 600 milhões.  Segundo a prefeitura, este valor foi ‘indevidamente recolhidos a título de contribuição patronal dos inativos e pensionistas, nos últimos cinco anos, sem cômputo de juros moratórios’. 

Na sequência,  os vereadores aprovaram o projeto que prevê a suspensão dos planos de carreira e o adiamento da data-base dos servidores públicos municipais de 31 de março para 31 de outubro. Foram 26 votos favoráveis, 10 contrários e uma abstenção.

Depois, mesmo em meio ao barulho de bombas de efeito moral lançadas pela PM para evitar a aproximação de servidores que queriam invadir o teatro, os vereadores aprovaram o terceiro projeto do pacote, o que prevê o leilão das dívidas da prefeitura com fornecedores de até R$ 300 mil. 

“O interessado que propuser melhor desconto à dívida do Município terá seu crédito satisfeito à vista”, resume a mensagem enviada por Greca ao Legislativo. Na justificativa, diz que os credores que não aderirem terão seus valores a receber da prefeitura parcelados em “prazo realista e compatível com as possibilidades financeiras do Município”.

Este terceiro projeto foi aprovado com 27 votos favoráveis, quatro contrários e os demais vereadores, todos da oposição, abandonaram a sessão diante da confusão do lado de fora.  Revoltados, servidores queimaram uniformes de trabalho em uma grande fogueira em frente ao local de votação. 

Foto por Reprodução

Servidores queimam uniformes em protesto contra a votação
Foto: Banda B

Previdência
O projeto da Previdência, já aprovado, altera a relação dos servidores com o Instituto de Previdência do Município de Curitiba (IPMC), elevando progressivamente de 11% para 14% a contribuição previdenciária, e de 22% para 28% o aporte da prefeitura. A taxa administrativa será reduzida de 2% para 1%. Também serão devolvidos (“repetidos ao Tesouro”, diz o projeto) aproximadamente R$ 600 milhões “indevidamente recolhidos a título de contribuição patronal dos inativos e pensionistas, nos últimos cinco anos, sem cômputo de juros moratórios”. O montante será usado para pagar as contribuições patronais de 2017.

Já o outro projeto aprovado muda para 31 de outubro a data-base dos servidores e suspende o plano de carreira com qualquer avanço linear e avanço por titulação, bem como a implantação dos novos planos de carreira e seus respectivos enquadramentos. Mais dois projetos devem ser votados ainda hoje em primeira discussão.

Trânsito bloqueado
A região dos bairros São Lourenço, Pilarzinho e Abranches, nas proximidades da Ópera de Arame, têm vários pontos de bloqueio na manhã desta segunda-feira (26), por conta da votação do Plano de Recuperação de Curitiba. Nenhum veículo passa pela Rua João Gava. 

Foto por Reprodução

Clima é de tensão do lado de fora da Ópera de Arame 
Foto: Djalma Malaquias – Banda B

Servidores rompem bloqueio policial 
Por volta das 10 horas, servidores municipais romperam o primeiro bloqueio policial para acesso à Ópera de Arame. Houve intenso empurra-empurra e os policiais militares precisaram intervir. O clima é de tensão.

Enquanto os servidores furavam o primeiro bloqueio, em sua maioria mulheres, uma pessoa no caminhão de som dos sindicatos que representam a categoria gritava: ‘Vergonha, vergonha’. Os policiais militares recuaram e, neste momento, os servidores estão concentrados já na entrada da Ópera de Arame, o que gera um clima de tensão ainda maior.

Novo confronto
Por volta das 10h30, após receberem a informação da aprovação da retirada de R$ 600 milhões do Fundo Municipal, novo confronto aconteceu e três servidores foram presos, de acordo com o Sismuc, sindicato que representa a categoria.