Café que vale R$ 2 mil a saca exige muita dedicação e técnica, diz produtor

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 12/06/2017
engenheiro agrônomo Evilásio Shigueaki Mori mostra café gourmet premiado: qualidade é tradição - Foto: Delair Garcia

Investimento em adubação, rigoroso processo de seleção e uma tradição de que passou de geração para geração. Essa é a receita do premiado café gourmet produzido na propriedade do engenheiro agrônomo Evilásio Shigueaki Mori. É da pequena propriedade de 25 hectares, localizada na Gleba dos Dourados, em Cambira (norte do Paraná), que saem os grãos que chegam a ser comercializados por R$ 2 mil a saca, valor quatro vezes acima da cotação normal.

O café do Sítio Mori, além de vencer pelo segundo ano o prêmio Café Qualidade do governo do Estado, também foi um dos vencedores do 13º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café, ficando em oitavo lugar, com 7,57 pontos. O evento englobou quatro categorias, divididas entre café natural e cereja descascado, e os pequenos agricultores familiares competiram com microlotes. Ao todo foram mais de 240 concorrentes. “É um orgulho receber esse prêmio, apesar de todo o trabalho da produção. Dedico essa conquista ao meu pai Seiti Mori, que faleceu em 2012”, comenta.

O agrônomo diz que a diferença do café gourmet para o tradicional, também conhecido como prateleira, começa pelos grãos. “É o mesmo grão, mas o que diferencia o sabor é o estágio que ele se encontra. Quanto mais vermelhinho na colheita, mais saboroso”, comenta.

Além da qualidade e maturação dos grãos, a adubação, o tratamento pós-colheita e o processo de secagem fazem toda a diferença no sabor final. “Você tem que suprir os nutrientes que a planta necessita e utiliza, por isso, a cada dois anos é feita a adubação orgânica e cobertura vegetal para proteger o solo", explica. 

Para auxiliar na secagem dos grãos, o agrônomo utiliza um terreiro suspenso e um barracão para proteção em dias de chuva. “Se deixar no terreiro aberto o café demora mais para secar, devido às mudanças climáticas. Por isso, criamos este local para a secagem mais rápida dos grãos”, explica.

Clima propício
De acordo com Mori, a região de Cambira, Apucarana, Jandaia e Mandaguari, além de outras cidades do Norte do Paraná, têm condições e microclima bastante favoráveis para produzir um café especial.

A dificuldade, segundo ele, é na comercialização e no incentivo do governo para cafeicultores de pequeno e médio portes. Além disso, ele cita a dificuldade também em relação à mão de obra, que anda cada vez mais escassa. 

"Produzir café gourmet é trabalhoso, requer cuidado na condução da lavoura, tratos culturais, é especial na colheita e pós-colheita, que define a qualidade do café".

Qualidade é tradição familiar
O café de qualidade é uma tradição na família Mori, que chegou ao Brasil em 1930 para trabalhar com café. O agrônomo Evilásio Shigueaki Mori aprendeu a gostar de café com o pai, Seiti Mori, cuja dedicação tornou seu café conhecido em toda região. Depois que o pai morreu em 2012, Mori, que morava em Curitiba, assumiu os negócios e modernizou a produção de olho no nicho de mercado do café gourmet. 

Hoje, ele vive na propriedade com um dos irmãos e um tio. Com a nova gestão, a saca de café produzida em Cambira chega a custar R$ 2 mil, além de integrar o portfólio do barista Leo Moço, do grupo Café do Moço, de Curitiba, especializado em café especiais. “Aprendi tudo com meu pai e dedico a ele tudo que conquistamos durante esses anos”, comenta.

Torrar em empacotar
Com maior atenção na comercialização, Mori também passou a torrar e empacotar o café para venda direta, que vem sendo feita no Mercado Municipal de Curitiba, no Batista Café, também na capital, e na Feira do Produtor de Apucarana.  “Além de produzir, também torro os grãos e empacoto o café para a venda. Com o tempo, meu objetivo é exportar", completa.