Cinco tentativas de suicídio de adolescentes foram registradas na madrugada em Curitiba na terça-feira (19), conforme divulgação da Prefeitura. A Secretaria Municipal de Saúde emitiu nota detalhando que os pacientes têm entre 13 e 17 anos, foram atendidos e encaminhados para acompanhamento em Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Em todas as situações, havia sinais de automutilação e ingestão de medicamentos, o que pode indicar relação ao “jogo” Baleia Azul, que propõe 50 desafios aos participantes e sugere o suicídio como última etapa.
No entanto, ainda não há confirmação oficial se os casos têm relação com o jogo. A Prefeitura requisitou investigação à Polícia Federal. Além disso, serão desenvolvidas atividades de prevenção ao suicídio nas escolas com estudantes adolescentes, faixa etária alvo do jogo. A ação envolve as secretarias municipal e estadual de Educação. No vídeo, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, fala sobre o assunto durante reunião com secretários.
Dois casos de automutilação
Além dos cinco casos de adolescentes entre 13 e 17 anos que tentaram o suicídio na madrugada desta terça-feira (18), outros dois se automutilaram durante à tarde e também estão recebendo orientação de profissionais. Um deles está internado em um Centro de Atenção Psicosocial (CAPs) e outro na rede privada de saúde. A suspeita também recai no jogo online ‘Baleia Azul’. A Polícia Civil também investiga esses dois casos, somados ao longo do dia.
Ingestão de remédios
Nos casos de tentativa de suicídio, os cinco adolescentes fizeram a ingestão de remédios e também a automutilação. Já nos casos registrados à tarde, os adolescentes se cortaram, mas não ingeriram medicamentos.
Jogo e tarefas
No “jogo” Baleia Azul, os adolescentes relatam receber mensagens em redes sociais com tarefas a serem cumpridas. Nas conversas, um grupo de organizadores, chamados “curadores”, propõe 50 desafios macabros aos adolescentes, como fazer fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se desenhando baleias com instrumentos afiados no corpo e ficar doente.
Começou como fake
O Baleia Azul começou como “fake news” (notícia falsa) divulgada por um veículo de comunicação estatal da Rússia e se espalhou a partir de 2015. Mesmo sendo fake news, a notícia gerou um contágio, principalmente entre os jovens. De acordo com especialistas, o jogo não existia, mas com a grande repercussão da notícia, pode ter passado a existir.
Orientação aos pais
“Orientamos que pais e responsáveis conversem com os adolescentes e fiquem atentos a sinais de isolamento, perda de vínculo familiar e quadros de automutilação”, diz o secretário municipal da Saúde de Curitiba, João Carlos Baracho. De acordo com o Baracho, os postos de saúde são a porta de entrada no sistema para aquelas famílias que precisam de ajuda. Caso seja necessário, o posto pode direcionar para atendimento de saúde mental em Caps ou outro serviço especializado, de acordo com a gravidade do caso.
Explicações para suicídio
No mesmo sentido, a Secretaria Municipal da Saúde faz um alerta em relação ao seriado 13 Reasons Why. Os episódios, exibidos pela plataforma de streamming Netflix, contam a história de uma garota que deixa fitas cassetes explicando as razões que a levaram a cometer suicídio.
Temas importantes
Segundo a Associação Paranaense de Psiquiatria (Appsiq), obras de ficção que simbolizam a vida real podem contribuir para fomentar discussões de temas importantes. A entidade manifestou satisfação em constatar que o seriado que trata de bullying, depressão e suicídio entre adolescentes tenha provocado alta de 170% nos acessos ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que há 55 anos atua na prevenção do suicídio no Brasil.
Para psiquiatras, série peca
A Appsiq enfatiza, porém, “a série 13 Reasons Why peca por não abordar a questão do adoecimento mental da personagem, não provocar diálogos sobre como o desfecho dela poderia ser evitado e, principalmente, por dar a impressão de que buscar ajuda é inefetivo.”
As informações são dos portais Banda B e da Secretaria Municipal de Comunicação