Associação Paranaense de Psiquiatria se manifesta sobre a série "13 Reasons Why"

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 17/04/2017
Seriado que trata de bullying, depressão e suicídio. Foto: Divulgação

A Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ), Federada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), vem a público manifestar-se a respeito da série “13 Reasons Why”, baseada no best-seller “Os 13 porquês”, de Jay Asher, e lançada pela plataforma de streamming Netflix. Considerando que as obras de ficção simbolizam a vida real e podem contribuir para fomentar discussões de temas importantes para a sociedade, a APPSIQ manifesta satisfação em constatar que um seriado que trata de bullying, depressão e suicídio entre adolescentes tenha provocado alta de 170% nos acessos ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que há 55 anos atua na prevenção do suicídio no Brasil. 

No entanto, levando em consideração que a Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que mais de 90% dos suicídios estão relacionados com transtornos mentais e que a maioria dos óbitos poderia ser evitado se houvessem estratégias de prevenção mais acessíveis à comunidade, a série "13 Reasons Why” peca por não abordar a questão do adoecimento mental da personagem, não provocar diálogos sobre como o desfecho dela poderia ser evitado e principalmente por dar a impressão de que buscar ajuda é inefetivo. Além disso, a "glamourização" do suicídio e a utilização do autoextermínio como instrumento de vingança provocam o chamado efeito Werther - termo científico pelo qual a publicidade de um caso notável serve de estímulo para novas ocorrências, contribui para a difusão do método, apologia ou idealização do ato. 

Embora a série apresente a agonia dos que ficam - afinal, um suicídio afeta pelo menos outras seis pessoas de convívio direto com o autor -, ela atrela o suicídio à ideia de culpabilização. O suicídio é um tema complexo, cheio de tabus e deve ser tratado com responsabilidade, delicadeza e, principalmente, com o apoio de profissionais especializados. Para os que se identificam com a personagem ou já pensaram em suicídio, a APPSIQ reitera que busquem a ajuda de um psiquiatra e coloca todos os seus meios de comunicação à disposição da sociedade.