Químicos da Rússia e pesquisadores da empresa norte-americana Immune Pharmaceuticals descobriram um composto de enxofre, hidrocarbonetos e nitrogênio que, segundo eles, pode destruir células cancerosas invulneráveis aos efeitos de outros tipos de quimioterapia, revela um artigo publicado na revista European Journal of Medicinal Chemistry.
"A escolha da classe de compostos não é acidental. O fato é que muitos aminoizotiazois mostram uma largo espectro de atividade farmacológica e biológica. Portanto, nós supusemos que os compostos desta classe com os grupos químicos adequados poderão exibir atividade anticâncer", detalha Aleksander Kiselev do Instituto Físico Técnico de Moscovo, na Rússia.
A quimioterapia, com a qual os médicos destroem os tumores de câncer funciona de duas maneiras — ou danificando o DNA das células cancerosas, as obrigando a se autodestruírem, ou inibindo seu crescimento e divisão. O segundo método hoje em dia é mais popular, porque ele não resulta em formas mais agressivas de células cancerosas devido ao desenvolvimento de novas mutações no seu genoma.
Os medicamentos deste tipo, os chamados antimitóticos, destroem a tubulina — uma das proteínas básicas de células, criticamente importante para a divisão. Estas substâncias tanto foram obtidas sinteticamente, como foram encontradas em plantas tropicais. Além disso, os cientistas do MFTI descobriram recentemente "matéria-prima" para estas substâncias na salsa comum e no funcho.
Método para a síntese
No seu novo trabalho, Kiselev e seus colegas descreverem um novo método para a síntese de tais moléculas, que permite obter de forma suficientemente rápida e barata preparados anticancerosos similares. Usando esta técnica, os químicos recolheram três dezenas de variantes destes preparados, cuja eficácia foi verificada através de tentativas de destruição de culturas de células cancerosas e embriões de ouriços do mar.
As experiências apontaram que a adição a uma molécula dessas de dois novos "anéis" de hidrocarbonetos, que contêm átomos de oxigênio e de enxofre, aumentou significativamente a sua atividade e a "ensinou" a parar o processo de divisão, mesmo em células cancerosas que não são afetadas pela quimioterapia usual.
Como o câncer se espalha na corrente sanguínea
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Frankfurt e do Instituto Max Planck, na Alemanha, descobriu o que pode significar um grande passo em relação a nossa compreensão sobre como o câncer se espalha pelo corpo. Em estudo, publicado pela revista Nature, os cientistas disseram ter observado a propagação das células cancerosas de um tumor inicial para a corrente sanguínea.
A descoberta sugere que, basicamente, os tumores secundários – chamados de metástases – forçam seu caminho através das paredes de pequenos vasos sanguíneos visando uma molécula conhecida como “Morte Receptora 6” (DR6). Isso então, acaba por desencadear um processo de autodestruição nos vasos, permitindo que o câncer se espalhe pelo corpo.
Bloqueio da disseminação
De acordo com a equipe, a desativação da DR6 poderia efetivamente bloquear a disseminação das células cancerosas. Tal método ajudaria a impedir que a metástase ocorresse, considerando que não existam formas alternativas de o câncer acessar a corrente sanguínea. Contudo, de acordo com o pesquisador Stefan Offermanns, “este mecanismo poderia ser um ponto de partida promissor para tratamentos e prevenção da formação de metástases”.
Com informações dos portais European Journal of Medicinal Chemistry e Nature