Um ruído de origem desconhecida vindo do fundo do Ártico, perto da aldeia de Igloolik, provocou a debandada de animais selvagens e gerou apreensão entre os moradores locais. Eles descrevem o ruído de forma diversa: como um som sibilino, um zumbido, ou uma buzina.
O transtorno é tão significativo para os caçadores que a administração de Nunavut (território canadense) solicitou ao Departamento de Defesa Nacional que dê início a uma investigação para apurar a causa do barulho misterioso emitido do Ártico. "O Departamento de Defesa Nacional foi informado sobre ruído estranho proveniente do Estreito de Fury e Hecla e as Forças Armadas do Canadá adotaram os procedimentos necessários para conduzir uma investigação eficiente sobre situação", disse à revista online Motherboard o porta-voz do Departamento de Defesa Nacional, Evan Koronewski.
Recentemente, a mineração e o turismo se tornaram cada vez mais populares na região, e até há uma especulação entre moradores locais de que os sons estranhos seriam resultado de operações que realizadas pela Baffinland Iron Mines Corporation. Porém, a empresa nega estar fazendo qualquer tipo de trabalhos que pudessem produzir tal barulho.
Sonares do Greenpeace?
A área é conhecida especialmente devido às populações de baleias-da-Groenlândia, o que levou vários habitantes locais a acusar a organização ecológica Greenpeace de tentar sabotar a época de caça. "Já ouvimos falar que tais organizações como a Greenpeace tinham instalado alguma espécie de sonares no leito para afastar os mamíferos marinhos do caminho e impedir os inuítes (nação indígena esquimó que povoa as regiões do Ártico no Canadá, Alasca e Groenlândia) de caçá-los", disse Paul Quassa, membro da assembleia legislativa de Nuvat.
Suposição sem suporte
Mas até o momento, não há nenhuma evidência e nenhum navio foi avistado para dar suporte a essa suposição. A organização Greenpeace também rechaça todas as acusações. "Não só nunca faríamos nada para prejudicar a vida marinha, mas também temos todo o respeito pelo direito dos inuítes a caçarem e, claro, não estamos dispostos a causar qualquer impacto nisso", frisou à Motherland a porta-voz da organização, Farrah Khan.
Enigma permanece
O enigma permanece e ninguém tem a mínima ideia o do produzi tal ruído. "Por enquanto, ainda estamos trabalhando no assunto", afirmou à CBC George Qulaut, outro membro da assembleia legislativa de Nuvat. "Mais ainda Não temos nem uma pista", completou.
95% inexplorados
Cerca de 95% dos oceanos da Terra permanecem inexplorados, e não é de se espantar que alguns fenômenos permaneçam um mistério, conforme avaliação de cientistas. Em 1991, pesquisadores captaram pela primeira vez um ruído estranho proveniente das profundezas do Oceano Pacífico e que pode ser audível por praticamente toda a sua extensão.
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, dos Estados Unidos, batizou o ruído de Upsweep, ou Curva Ascendente, em português, descrevendo o fenômeno como “uma longa série de sons de varredura, de banda estreita, com vários segundos de duração cada”.