Não é apenas o zika vírus que traz riscos nas gestações no Brasil. O aumento no número de casos de sífilis também tem colocado autoridades de saúde em alerta em todo o país. Na região, os casos da doença entre gestantes aumentaram mais de 35% em três anos.
O aumento, na visão dos especialistas, está relacionado com um relaxamento das medidas preventivas. De acordo com a Escola da Gestante de Apucarana, as medidas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) deixaram de ser prioridade e precisam ser retomadas. A doença pode ocasionar aborto e má-formação do feto.
Até 2012, os números de gestantes diagnosticadas com sífilis na região da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana oscilavam entre um e cinco casos por ano.
Em 2012, o Ministério da Saúde intensificou o combate à doença entre as mulheres grávidas, aumentando a oferta de testes rápidos e gratuitos para diagnóstico da doença. Com essa nova tecnologia, em apenas 30 minutos a gestante ganhou a oportunidade de saber se já teve contato com o vírus causador da doença, durante a consulta de pré-natal.
Com mais testes sendo feitos, mais resultados positivos foram diagnosticados a partir do ano seguinte. Sendo assim, desde 2013 os casos da doença entre mulheres grávidas cresceram 35,5%, passando de 45 no ano em questão para 61 em 2015. Neste início de 2016, três gestantes já foram diagnosticadas com a doença.
A coordenadora da Escola da Gestante em Apucarana, Maria Aparecida Neves, explica que muitas pessoas hoje se preocupam apenas com métodos contraceptivos, deixando de lado a prevenção a doenças. “Boa parte das pessoas só se preocupa com a gravidez, utilizando-se apenas de anticoncepcionais. É preciso que o uso do preservativo seja incentivado, pois apenas ele pode prevenir as DSTs”.
Segundo ela, a sífilis muitas vezes não manifesta sintomas, dificultando a percepção das pessoas infectadas. Quando se manifesta, a doença apresenta manchas na pele e feridas, que muitas vezes são ignoradas pelo portador. “A sífilis é perigosa para a gestante porque pode provocar complicações ao feto, como cegueira, cardiopatia, problemas neurológicos e até a morte fetal”, afirma.
A orientação para as gestantes é que testes periódicos sejam realizados, a fim de diagnosticar a doença o mais rápido possível.
O Núcleo de Aconselhamento, Testagem e Tratamento de Apucarana (Natta) realiza os testes na cidade. O tratamento para a doença, que deve ser feito também pelo parceiro, dura algumas semanas e é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quanto mais cedo for iniciado, menores as chances de infecção do bebê.