De lesão traumática a um tratamento para Alzheimer

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 20/01/2016

Muitos dos sintomas iniciais da doença de Alzheimer, tais como perda da memória de curto prazo e alterações comportamentais são sinais de velhice. Apenas cerca de um terço dos pacientes que apresentam esses sintomas desenvolvem a doença, sendo muito difícil para os médicos decidirem se estão lidando com estágios iniciais de Alzheimer ou não.

Os pacientes com suspeita de Alzheimer respondem a um questionário para testar suas capacidades mentais, depois têm o cérebro escaneado. Pode levar meses, ou até mesmo anos em alguns casos, para um diagnóstico de Alzheimer ser confirmado. Entretanto, a professora Myra Conway do centro de pesquisas biológicas da University of the West of England está trabalhando em um exame sanguíneo que poderá permitir um diagnóstico mais eficiente.

A professora Conway encontrou evidências de que as concentrações de três "proteínas redox" aumentam no fluido cefalorraquidiano dos afetados por Alzheimer. Ela agora está verificando se as concentrações dessas substâncias também aumenta no sangue. Se sim, então os médicos terão uma nova maneira de diagnosticar pacientes. 

Uma diferente linha de pesquisa é inspirada pelos pacientes que sofreram lesões cerebrais traumáticas, em acidentes por exemplo. "Foi descoberto que as concentrações de certas substâncias decaem no sangue daqueles que sofreram lesões cerebrais, e que a concentração de glutamato aumenta", afirmou a professora Conway. "O glutamato é tóxico para as células cerebrais, resultando em perdas neurais". Fornecer esses componentes sanguíneos para pacientes que sofreram as lesões citadas restaurou algumas capacidades cognitivas. Alguns até saíram do estado vegetativo.

Isso levanta algumas perguntas intrigantes. "Será que há um indicador de que as concentrações desses componentes sanguíneos também muda conforme os pacientes envelhecem?", disse a professora Conway. "Se a quantidade desses componentes começar a decair, será que poderemos repor o que está naturalmente por lá?"

"Repor esses componentes provavelmente não curará o Alzheimer, mas poderá atrasar seu desenvolvimento caso seja iniciado nos estágios iniciais; as capacidades cognitivas dos pacientes serão preservadas. Isso irá melhorar a qualidade de vida deles."

Pesquisas iniciais estão analisando os processos bioquímicos envolvidos na regulação de glutamato em células-modelo em laboratório. A professora Conway e sua equipe também planejam medir as concentrações dos componentes sanguíneos em pacientes de Alzheimer para ver se, como no caso de lesões cerebrais súbitas, eles são relativamente baixos. Já é consenso que o glutamato é tóxico e contribui para a destruição de neurônios.

Se esses suplementos conseguirem atrasar o desenvolvimento do declínio cognitivo, as consequências a longo prazo serão enormes. "O impacto desse tratamento na vida dos pacientes de Alzheimer e de suas famílias seria fenomenal", disse a professora Conway. "Manter as capacidades cognitivas lhes traria a vida de volta."

Fonte: indepent.co.uk