As festas juninas são regadas a muita tradição. Umas das mais conhecidas é o bolo de Santo Antônio – o de fama de casamenteiro - , que pode conter uma medalhinha, e, segundo versa o conhecimento popular, quem encontra o mimo pode alcançar graças e principalmente, um casamento. Em Arapongas, a tradição está um pouco diferente. A Paróquia Santo Antônio de Pádua, endereço do festão mais famoso da cidade que retornou neste ano após hiato da pandemia, deu um passo além e trocou o bolo pelo bem casado.
Desde o início da pandemia, em 2020, a paróquia passou a oferecer o doce aos fiéis, ao invés dos cortes de bolo, mas mantém as medalhinhas escondidas nos docinhos recheados de doce de leite muito usados como lembrança de festas de casamento.
A mudança foi ideia do padre Noel Ribeiro, pároco da igreja. Com a festa interrompida por conta das restrições impostas pela pandemia, os doces passaram a ser comercializados durante a reza da trezena, na semana das comemorações. Até o momento, quase dois mil bem casados do santo casamenteiro já foram comercializados. Cada doce custa R$ 4.
“Foram dois anos sem o festão e queríamos uma forma de chamar a atenção das pessoas para esse momento tão especial. Diante da realidade da pandemia, achamos por bem trabalhar com o bem casado, que de certa forma dá menos trabalho do que o bolo. E foi um sucesso”, comenta o padre.
A quituteira Janelice Costa da Silva Mazzochin é a responsável pela equipe de 12 mulheres, todas voluntárias, que trabalham pelo menos três dias inteiros para preparar os doces. Neste ano, foram fabricados quase 3 mil bem casados, mas apenas mil contêm a cobiçada medalhinha.
“O desejo do padre é que se torne uma “nova tradição” e pelo visto vai dar certo porque tudo o que é produzido vende. Nossa expectativa é maior para este fim de semana, véspera do dia de Santo Antônio, quando o docinho é mais procurado”, explicou.
Ela conta que a mudança ocorreu pelas necessidades impostas pela pandemia. “Além de ser um produto mais fácil de armazenar ficou mais prático para vender durante a pandemia porque não teve a festa”, disse a doceira.
Sobre as medalhinhas, Janelice conta que já ouviu muitas histórias a respeitos de pessoas que alcançaram graças encontrando a imagem do santo. “Conversando com as cozinheiras mais antigas da festa, a gente ouve muitas histórias. Pessoalmente não conheço ninguém, mas elas sempre contam de moças e rapazes que não conseguiam casar de jeito nenhum e depois de achar a medalhinha conseguiram casamento. Tem também histórias de outras graças, como de um rapaz que procurava a medalhinha para conseguir uma graça no emprego. Soube que deu tudo certo para ele também. É tudo uma questão de fé”, declarou.
A 28ª edição do Festão de Santo Antônio começou no último final de semana e será retomada nesta sexta-feira (10) e segue até domingo (12).
Terceira geração de voluntárias ajuda nos preparativos da festa
A dona de casa Maria Aparecida Chini, de 69 anos, é voluntária da Paróquia Santo Antônio de Pádua há mais de duas décadas. “Ajudo na cozinha desde quando começou o Festão de Santo Antônio. Me sinto muito feliz em poder colaborar”, comenta.
E nesta edição da festa, Maria tem a alegria de contar com a ajuda de duas pessoas muito especiais. Uma delas é sua filha Alessandra, que agora integra o grupo de voluntários da paróquia. Ela conta que já acompanhava a mãe com os trabalhos na cozinha da quando era criança e agora tem o prazer de vivenciar a mesma experiência com a filha Emanuelle Chini Pacheco, de 10 anos, que também se voluntariou este ano para colaborar com os preparativos do festão.
“É muito satisfatório. Além de ajudar a paróquia, construímos laços de amizade com todos aqui”, comenta Alessandra.
A maior parte das comidas típicas comercializadas no festão são produzidas pelas voluntárias da cozinha da paróquia. Ao todo são mais de 200 pessoas que colaboram de forma voluntária com os preparativos da quermesse. ASSISTA:
(Por Aline Andrade e Cindy Santos)