Completando 21 anos em 2020, o assentamento Dorcelina Folador é modelo para todo o país. A área é referência por sua diversidade produtiva e oferece moradia e geração de renda para 130 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os cerca de 400 alqueires de terras utilizadas para o assentamento pertenciam a empresa de sementes Balu e foram desapropriados e destinados para reforma agrária em 1999.
A produção e comercialização do assentamento é organizada pela Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), que se tornou referência na produção de laticínios e hortaliças. A cooperativa atende 32 municípios e 500 escolas municipais e estaduais com o abastecimento de merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Os produtos lácteos são vendidos no mercado regional, além de Maringá, Curitiba e até no Mato Grosso do Sul. Os produtos lácteos e hortifrúti são fornecidos na alimentação escolas municipais e estaduais de diversos municípios da região. Cada família produz em média 4 mil litros de leite mês, o que representa cerca de 48 mil litros ao ano. A cooperativa atende 1.164 associados com um faturamento anual de cerca de R$18 milhões.
Neste ano, foi inaugurada uma agroindústria de beneficiamento de frutas e verduras orgânicas. A estrutura e os equipamentos foram adquiridos a partir de recursos próprios dos assentados, que integram a Copran, e por meio de um projeto vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado.
De acordo com o presidente da Copran, Alencar Hermes, a agricultura familiar precisa cada vez mais de apoio para se manter forte no país. “É preciso manter e apoiar a agricultura familiar, modalidade responsável pela produção de até 80% da alimentação das famílias brasileiras. Neste momento de globalização de tratados econômicos, de quebras de barreiras fiscais, que privilegia os grandes produtores, a cooperativa abraça e protege o agricultor familiar que não está preparado para enfrentar os produtores europeus. Então se a cooperativa não estivesse fazendo este trabalho, a agricultura familiar não teria como se manter”, disse.
A agricultora Roseli Pereira de Campos planta 20 variedades de hortifrútis no assentamento. Ela vive ali com o marido, a mãe e uma filha de 18 anos. Segundo ela, o assentamento e a cooperativa dão dignidade aos homens e mulheres do campo. “Trabalho no campo desde que nasci e pela primeira vez eu e minha família temos a oportunidade de participar de uma cooperativa. Ser cooperado é muito bom, diminui os custos de produção, recebemos incentivos do governo e conseguimos plantar com a garantia de venda da produção. Aqui podemos manter nossos filhos no campo, dar estudo para eles e garantir renda para o futuro”, garante.