A Paróquia Nossa Senhora Aparecida, localizada no centro de Arapongas, no norte do Paraná, pode ser muito conhecida da maneira que é hoje, a ponto de se tornar um símbolo da cidade: um templo de alvenaria de arquitetura colonial. Talvez, o que muitos não saibam é que a Igreja Matriz, como é também conhecida, já foi bem diferente um dia. Quando construída pelos pioneiros em 1938, a igreja era uma simples capelinha de madeira. Os araponguenses que não tiveram a oportunidade de conhecer a primitiva matriz, que era chamada de “Igreja dos Santos Anjos”, podem ter tal experiência ainda hoje, por conta de uma réplica localizada no distrito do Campinho, em Arapongas.
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Denominada de “Capela São João Batista”, a capela foi construída ainda em 1955 - um ano depois da inauguração da atual matriz - por colonizadores como homenagem ao templo original do centro depois que a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná fez a doação do terreno. É o que afirma Paulo Carvalho, ministro da palavra, e responsável pela "igrejinha" do Campinho. “A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná colonizou e, em algumas áreas, foi trazendo várias pessoas. Aqui tinha muitos poloneses, ucranianos, italianos e alemães, que vieram todos para a nossa região. Foi esse pessoal dessa época que construiu essa igreja”, afirma.
Construída com madeira de árvores de peroba-rosa, com mais de 7 metros de altura, a igreja ficou tão parecida com a inspiração inicial, que, além de compartilhar a mesma característica e estrutura física, ambas dividiam até o mesmo padre. Segundo Paulo, o padre Bernardo Merckel, que era responsável pela igreja Matriz, ia até o distrito do Campinho de carroça, para realizar as missas. A única mudança em relação ao templo original, segundo moradores, foi a construção de uma pequena varanda na entrada há poucos anos.
“Eu não conheci a primeira igreja matriz de Arapongas internamente, mas pelos relatos e fotos que a gente têm é idêntica. É a mesma igreja. Tanto que o padre que era de Arapongas, que cuidava da matriz, era o padre Bernardo, que vinha aquela época de carroça, fazer a celebração aqui também. Tinha celebração a cada 60 dias. Naquela época, aqui no Campinho, tinha açougue, farmácias e diversos outros comércios. Era um patrimônio que era bem movimentado”, disse.
Hoje, a capela continua realizando as tradicionais missas para a comunidade local, que acontecem todo segundo sábado de cada mês. Além disso, são realizadas também as celebrações da palavra com a distribuição a da Eucaristia, pelo ministro Paulo. Um outro acontecimento acontece com frequência na capela: os casamentos.
“Aqui é muito procurado, o pessoal gosta porque é uma igreja pequena, fácil de enfeitar. Então, na simplicidade, muitas pessoas que passaram por aqui se encantaram. Muita gente passa e fala: um dia eu vou me casar nessa igrejinha. Então, nós temos vários casamentos”, acrescentou o ministro.
Embora Paulo more em Arapongas desde 1965 e tenha uma proximidade com a capela desde esse período, ele toma conta do local há apenas cerca de oito anos. Mesmo assim, a relação dele com a construção tem ficado muito intensa no aspecto religioso. Por isso, o principal objetivo, de acordo com guardião do local, é que a igreja seja preservada para as próximas gerações.
“Às vezes eu fico pensando nas pessoas que construíram isso, os pioneiros. Foram tantas pessoas deixaram um pouquinho de si aqui. Porque essa igreja, pelo que a gente sabe, foi feita com doações, então aquela época, teve o suor de muita gente dentro dessa igreja. É gratificante você saber que deixaram um legado para a gente, e a gente tem que preservar. É o que eu falo aqui na comunidade: a gente tem que preservar para a geração futuras, para quem sabe daqui 60 anos, 100 anos, a pessoa vai estar aqui olhando e falando 'puxa aquele pessoal de antigamente vem cuidando até hoje'," finalizou.
Por Gabriel Carneiro
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