É difícil encontrar alguém que já passou pelo centro de Apucarana (PR) e não tenha visto um grupo tocando música raiz. Valdir Francisco de Souza, 69 anos, o Valdir Gaiteiro, é o "maestro" desses artistas de rua. Caminhoneiro aposentado, ele toca sanfona e anima o ambiente urbano de Apucarana. (Veja o vídeo no final da matéria)
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Junto com ele estão seus amigos: o aposentado José Elias Mendes, de 77 anos, conhecido como Zeca da Val, que toca viola caipira e canta segunda voz, e o motorista de aplicativo Devanir Antônio de Souza, 66 anos, o Nadai, que canta com a primeira voz.
Quem tomou a iniciativa de começar a fazer música no centro foi Valdir da Gaita, que há mais de uma década faz da Praça Rui Barbosa e arredores o seu palco.
“Comecei a tocar aqui faz uns 12 anos, junto de um amigo já falecido, o senhor Zacarias. Às vezes colocamos uma caixinha para o público contribuir, mas a gente toca por paixão à música”, diz.
Valdir afirma que gosta do ofício de artista de rua. Para ele, no entanto, a boa música tem que ser raiz.
“A gente gosta do sertanejo raiz, aquela música que faz a gente viajar no tempo e ter boas lembranças. São músicas que são eternas, nunca deixam de fazer sucesso”, pontua.
Para o motorista Nadai, que canta fazendo primeira voz, é um grande prazer cantar com Valdir.
“O som da gaita e da viola, junto do repertório, faz as pessoas sentirem boas emoções e terem boas lembranças. É sempre muito emocionante tocar aqui com eles”, explica.
A história de Valdir com a música começou aos 10 anos de idade, quando seu pai comprou uma gaita para ele e os sete irmãos.
“Meu pai trocou uma vaca que a gente tinha por uma gaita para eu e meus irmãos aprendermos. Meu pai era mineiro, ele não tocava, mas era chegado na música. No fim, apenas eu e mais um irmão aprendemos, mas só eu sigo tocando até hoje”, lembra.
Valdir tem três filhos e três netos. Ele mora sozinho na Vila Nova, em Apucarana, e se orgulha de suas raízes e também da criação que deu a seus filhos.
"Hoje meus filhos estão todos muito bem encaminhados na vida, tem um que é caminhoneiro, o outro trabalha com confecção e tem um filho meu morando até lá no Japão. Graças a Deus, todos estão criados e em um bom caminho", pondera.
O músico declara seu amor por Apucarana e pelas pessoas com quem convive. Segundo ele, viver em Apucarana é uma dádiva.
“O pessoal de Apucarana me acolhe muito bem, eu amo essa cidade. Até o ar que a gente respira aqui é diferente. Sou muito feliz vivendo aqui”, conta.
A agenda de apresentações sempre está com compromissos marcados, muito além das ruas da cidade.
“A gente toca por aí, toco direto na feira aqui e em Arapongas. Também às vezes sou convidado para tocar em algumas lojas no shopping. Em junho, eu passei o mês todo tocando em festas juninas, foi muito bom”, destaca.
Semanalmente, Valdir, Zeca e Nadai se reúnem na área central para celebrar a vida com música. A cena é tão comum que as pessoas estranham quando não veem Valdir e sua gaita.
“O dia que eu não venho o povo fica perguntando porque não teve música”, afirma.
Valdir Gaiteiro conta que pretende seguir animando o ambiente com música enquanto ele existir.
“Pretendo continuar, enquanto eu estiver aqui, quero continuar tocando junto dos meus amigos, que são muito importantes para mim, e o povo dessa cidade maravilhosa”, finaliza.
Assista:
Por Louan Brasileiro