Tecnologia é novo horizonte do trabalho no campo e na cidade

Autor: Da Redação,
domingo, 01/05/2022
Tecnologia é novo horizonte do trabalho no campo e na cidade

Dia do Trabalho serve de reflexão para as transformações do mercado do trabalho para as próximas décadas no Brasil. Há um consenso entre estudiosos do mercado de trabalho: muitas  das profissões atuais deixarão de existir nas próximas décadas. São relatórios elaborados por organizações internacionais, como o Fórum Econômico Mundial e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que alertam para essa mudança, que irá impactar empresas, governos e, principalmente, trabalhadores. Especialistas ouvidos pela Tribuna afirmam que essa mudança já começou e os profissionais que estão hoje no mercado precisam ficar atualizados e em constante aprendizado. 

O assunto não é mais um “exercício de futurologia” e já começa a ganhar espaço nas discussões locais. Em Apucarana, os debates em torno do tema existem há pelo menos quatro anos. O projeto “Conecta Apucarana” une órgãos públicos, empresas e instituições de ensino superior, que se debruçam sobre as mudanças aceleradas no mercado de trabalho e na indústria. A palavra “inovação” virou um mantra. Há uma consciência de que é preciso criar um ambiente favorável para essa realidade que chega a passos largos. 

Tiago Cunha, consultor do Sebrae-PR em Apucarana, explica que a tecnologia está por trás dessa mudança. Segundo ele, todos os setores já estão sendo impactados pelas transformações tecnológicas, que vão mudar drasticamente o perfil dos empregos. Por isso, o Dia do Trabalho –comemorado neste domingo (1º de maio) - precisa ser de reflexão . 

“A tecnologia não está tirando os empregos, mas os substituindo. O que o trabalhador precisa fazer é buscar continuadamente novos níveis de capacitação. É preciso olhar ao redor e perceber as mudanças”, orienta. 

O consultor assinala que estudos apontam para 2030 ou 2040 o fim da metade dos empregos que existem hoje, mas isso não seria motivo de desespero. “A automação já é um processo em andamento, mas agora muitas empresas já estão trabalhando com metaverso”, cita. O metaverso, uma palavra que ganhou a mídia com a criação da empresa Meta pelo Facebook, é, basicamente, um conceito que mescla realidade aumentada e ambientes virtuais, ou seja, uma vivência em um espaço virtual com influências da vida real das pessoas. Por exemplo: cirurgias feitas à distância, cursos em que os alunos não precisam de corpos reais para aprendizado, entre outros “futurismos” que não têm nada de ficção científica. 

Tiago Cunha afirma que a tecnologia avança mais rapidamente do que as pessoas pensam. Hoje, a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pode ser considerada a face mais visível desse mundo em transformação. No entanto, todos os segmentos são atingidos, desde as cirurgias médicas feitas por robôs até o agronegócio. Os drones ganham cada vez mais o campo, atuando na pulverização ou na coleta de dados. Isso, no entanto, é apenas o começo. “Recentemente, houve uma demonstração do uso da tecnologia 5G na agricultura em Londrina, com colheitadeiras operadas à distância, sem condutores. Está mais perto da gente do que se imagina”, cita. 

Mestre na área de gestão de pessoas, a professora Lindinalva Rocha de Souza, do campus de Apucarana da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), afirma que a pandemia de Covid-19 apressou esse processo de transformação, principalmente com a questão do home office e também das possibilidades de comunicação – e ensino – à distância. 

Ela afirma que as instituições de ensino estão adaptando seus currículos, aproximando a formação dos estudantes às necessidades do mercado de trabalho. 

A professora afirma que o trabalhador precisa se reciclar permanentemente. “É fundamental se manter atualizado com as mudanças em sua área de atuação. A tecnologia estará presente em todas as profissões do futuro”.

Ambiente favorável

Onde Apucarana entra nessa transformação tecnológica toda? Tiago Cunha, consultor do Sebrae-PR, afirma que os municípios que criarem ambientes favoráveis largam na frente. Além do projeto “Conecta Apucarana”, que realiza inúmeros eventos voltados à inovação, as universidades têm papel fundamental. O polo de engenharias, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), é um trunfo de Apucarana nessa nova fronteira tecnológica. 

Segundo Tiago Cunha, as faculdades estão adaptando seus currículos, com projetos e ações mais práticas. No entanto, o consultor assinala que as empresas também estão atentas e se mexendo. “Em Apucarana, por exemplo, há uma empresa que está com um estudo que prevê toda a produção do boné em uma única máquina, o que impactaria -e muito- o setor, principalmente na questão de empregos”.

Startup 

A ApukaSoft é uma startup de Apucarana que vem apostando na inovação. Formada por três sócios, a empresa atua na área de desenvolvimento de softwares e tem como meta usar a tecnologia para resolver problemas das pessoas. 

Participante do projeto “Conecta Apucarana”, a startup é uma das protagonistas desse “ambiente de inovação” que Apucarana está estimulando. A startup tem como carro-chefe a criação do Cartão Cesta Básica (CCB), que deverá ser adotado pela Prefeitura de Apucarana. A proposta é que o novo sistema substitua a entrega das cestas básicas. O cartão passará a ser utilizado pelas famílias em supermercados, mercearias e mercados em toda a cidade. A proposta é eliminar a burocracia na compra de cestas básicas pelo município. 

Paulo Gatto, um dos sócios da ApukaSoft, afirma que o momento é propício para projetos ligados à área de inovação. “O que a gente espera de verdade é inspirar os jovens. Muitos não acreditam no potencial de Apucarana, mas é possível realizar projetos inovadores, focados na área tecnológica. Esse é o nosso sonho: usar a tecnologia para promover mudanças na vida das pessoas. O Cartão Cesta Básica é um primeiro projeto nesse sentido”, afirma

Por, Fernando Klein