Sem ter com quem deixar, alunas estrangeiras levam filhos para curso

Autor: Da Redação,
terça-feira, 18/10/2022
Crianças são supervisionadas por estagiárias do curso de pedagogia

Decidir estudar após a maternidade é um desafio que muitas mulheres enfrentam. A dificuldade é ainda maior para quem está em um país estrangeiro, longe da família que geralmente é quem dá suporte no cuidado com os filhos. Pensando nisso, a coordenação do curso de Português para Estrangeiros, ofertado pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) campus de Apucarana, norte do Paraná, decidiu dar esse suporte as alunas com filhos, acolhendo as crianças enquanto as mães estudam.

Foto por Reprodução/Unespar
Curso tem 25 alunos de várias nacionalidades
 

A professora coordenadora do curso destinado a estrangeiros, Juliana Barbieri, conta que logo no primeiro encontro percebeu a ausência de algumas mulheres na sala de aula. Ao questionar os colegas, ela descobriu que as alunas não tinham com quem deixar seus filhos e acabaram faltando.

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Para evitar a desistência, a coordenação fez uma parceria com o curso de pedagogia e agora as crianças participam de atividades na brinquedoteca do campus enquanto as mães estudam. 

Diante disso, oferecemos nosso apoio e fizemos uma parceria com o curso de pedagogia. Agora as crianças são atendidas e supervisionadas por estagiárias na brinquedoteca do nosso campus. É uma sala muito bonita, cheia de brinquedos e as estagiárias desenvolvem brincadeiras e dinâmicas, proporcionando uma tarde muito agradável às crianças que depois ainda recebem um lanche”

- Juliana Barbieri,
  

IMIGRANTES APRENDEM PORTUGUÊS

São 25 pessoas matriculadas no curso Português para Estrangeiros, projeto de extensão do curso de Letras Português da Unespar Apucarana, ministrado por alunos do 1º e 2º ano. O projeto já era desenvolvido há alguns anos, contudo, durante a pandemia da Covid-19 houve baixa procura, porque o curso era realizado no formato online. 

Foto por Reprodução/Unespar
Alunos do curso de português ministram as aulas
  

Neste ano, a professora Juliana iniciou um trabalho de busca ativa pela rede municipal para facilitar o acesso dos estrangeiros à matrícula. "Procurei pessoalmente a Autarquia de Municipal de Educação, a Caritas Diocesana que é uma instituição vinculada a igreja católica, que cuida, recebe e dá assistência a estrangeiros e tive acesso a um grupo de estrangeiros composto por venezuelanos, haitianos, cubanos e um chileno", conta.

Foto por Reprodução/Unespar
Alunos recebem lanche no intervalo do curso
 

De acordo com ela, o objetivo do projeto é possibilitar que essas pessoas aprendam o idioma e que isso possibilite melhores oportunidades de trabalho e também melhor assistência a saúde. Pensando nisso, os temas trabalhados em sala de aula foram desenvolvidos no contexto do mercado de trabalho, profissão, elaboração de currículo e entrevista de emprego.

"Focamos no vocabulário importante para esse contexto, focamos em questões relativas ao universo do mercado de trabalho e aulas ministradas pelos acadêmicos", assinala. 

No intervalo, os alunos e as crianças ainda recebem um lanche patrocinado por meio de uma vaquinha feita por alunos e professores a fim de ajudar os estudantes que moram longe e que dependem de transporte público. Ao final do curso, os alunos receberão um certificado de conclusão. 

"Esperamos que esse curso os ajude a conseguir a cidadania brasileira", pontua a coordenadora.