O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson José de Vasconcelos, destacou que o estado tem algumas características que se enquadram no programa federal Nova Indústria Brasil, lançado na segunda-feira (22). Com o objetivo de impulsionar a indústria nacional até 2033, o programa usa instrumentos tradicionais de políticas públicas, como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais, além de incentivos tributários e fundos especiais para estimular alguns setores da economia. Assista a entrevista em vídeo no fim do texto.
A nova política tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. Entre os setores que receberão atenção, estão a agroindústria, a saúde, a infraestrutura urbana, a tecnologia da informação, a bioeconomia e a defesa.
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Em entrevista ao TNOnline, Vasconcelos explicou que dos seis pontos, o grande destaque é a transformação do agronegócio em agroindústria. “Já temos cooperativas do Paraná que já são indústrias em sua maior parte, com 48% de transformação. Nessa missão também falam sobre a agricultura familiar, do acesso ao crédito para poder melhorar a performance de máquinas e equipamentos”, informou o presidente acrescentando que a federação acompanha a construção desse pacote via Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Outra missão considerada importante, na visão do industrial, é a transformação digital da indústria que objetiva digitalizar 90% das indústrias brasileiras e triplicar a participação da produção nacional no segmente de novas tecnologias.
“Para a indústria isso é muito importante porque temos dificuldade muito grande de ter uma sensibilização empresarial e ele também conseguir informações para melhorar a sua digitalização ou a sua capacidade tecnológica, na verdade é um nivelamento tecnológico. Nesse pronto a federação das indústrias traz um grande projeto que se chama Jornada da Produtividade que é o acompanhamento direto a esse grande ator deste processo que é o industrial”, destaca.
Por fim, o presidente da Fiep ressalta a importância da conexão com agendas nacionais, para melhorar o mercado industrial paranaense. “Como federação das indústrias temos que nos conectar a essas agendas nacionais, tentando fazer o máximo filtro que isso chegue na base na ponta. Isso é o que a Fiep faz agora neste ano, nos aproximar ao máximo das prefeituras e regionais, onde de fato as indústrias tem problemas reais”, salienta.
REUNIÃO COM PREFEITO DE APUCARANA
Nesta terça-feira o presidente da Fiep esteve reunido com o prefeito de Apucarana, Junior da Femac, e ressaltou a importância da desburocratização e boas práticas para captação e manutenção de indústrias nos municípios paranaenses. "A federação que ser esse elo das boas práticas, porque a burocracia é cara e inibe. Durante nosso encontro o prefeito de Apucarana usou uma frase importante, captar uma empresa e ser atrativo gera um grande trabalho, Por isso é preciso ajudar com infraestrutura, com treinamento de mão de obra. É um contexto muito amplo, pois a indústria tem uma diferença do comércio, vende para fora do município, traz recursos e melhora o comércio e serviços. Por isso, mais do que trazer a indústria, é preciso mantê-la", pontua.
RECURSOS NOVA INDÚSTRIA BRASIL
A maior parte dos recursos, R$ 300 bilhões, virá de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os financiamentos do BNDES relacionados à inovação e digitalização serão corrigidos pela Taxa Referencial (TR), que é mais baixa que a Taxa de Longo Prazo (TLP).
O mecanismo de compras governamentais provoca certa polêmica, por representar um entrave nas negociações para a adoção do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Os empresários europeus defendem condições de igualdade com as empresas brasileiras nas licitações para a compra de bens, a realização de obras e a contratação de serviços pelo governo brasileiro.
Principais medidas anunciadas hoje
Nova Indústria Brasil
Missões para o período de 2024 a 2033:
1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais
– aumentar para 50% participação da agroindústria no PIB agropecuário;
– alcançar 70% de mecanização na agricultura familiar;
– fornecer pelo menos 95% de máquinas e equipamentos nacionais para agricultura familiar.
2. Forte complexo econômico e industrial da saúde:
– atingir 70% das necessidades nacionais na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde.
3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis:
– diminuir em 20% o tempo de deslocamento de casa para trabalho;
– aumentar em 25 pontos percentuais adensamento produtivo (diminuição da dependência de produtos importados) na cadeia de transporte público sustentável.
4. Transformação digital da indústria:
– digitalizar 90% das indústrias brasileiras;
– triplicar participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias.
5. Bioeconomia, descarbonização, e transição e segurança energéticas:
– cortar em 30% emissão de gás carbônico por valor adicionado do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria;
– elevar em 50% participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes;
– aumentar uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano.
6. Tecnologias de interesse para a soberania e a defesa nacionais:
– autonomia de 50% da produção de tecnologias críticas para a defesa.
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