Moradores do bairro da Igrejinha, em Apucarana (PR), estão entre os 45 passageiros do ônibus de turismo que quase se envolveu em um grave acidente na rodovia BR-277, no trecho entre Curitiba e Morretes, na manhã deste sábado (7), após apresentar falha nos freios. Josemere Ferracini, de 42 anos, estava com a família no veículo e conta que os momentos vivenciados após o problema mecânico foram repletos de desespero e choro.
A apucaranense trabalha como auxiliar administrativo e aproveitou o Feriado da Independência para viajar. Ela estava acompanhada da mãe, do namorado e da filha de apenas nove anos. O ônibus, que saiu de Apucarana, no norte do Paraná, na noite de sexta-feira (6), tinha como destino Curitiba, Morretes e Guaratuba. "Já havíamos parado no Jardim Botânico e estávamos indo para Morretes, no passeio do trem, e na sequência indo para Guaratuba", relata a auxiliar administrativo.
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Josemere informou ao TNOnline que a viagem era uma excursão organizada entre amigos, que contrataram uma empresa para realizar o transporte. Os problemas envolvendo os veículos, no entanto, já haviam começado antes mesmo de o grupo sair de Apucarana. "Na hora de embarcar, na sexta a noite, já não foi o ônibus que deveria ter vindo. O ônibus havia quebrado e a empresa que alugou mandou esse ônibus reserva no lugar", conta. O ônibus substituto, porém, também apresentou defeito. "Paramos antes do pedágio, o que chega nas praias, porque o motorista tinha percebido que já tinha algo errado com o ônibus. Ele ficou parado uns 30 ou 40 minutos no celular, [...] ele achou que o problema era o cambio, mas então seguimos a viagem", relembra a auxiliar administrativo.
Acontece que os momentos de desespero chegaram logo após. O veículo apresentou falha nos freios e bateu contra dois carros antes de o motorista conseguir acessar uma área de escape na rodovia. "Faltando 15 ou 20 minutos para chegar em Morretes, era acho que uma das últimas curvas, que houve a falha de freio", informa Josemere. Ela e os familiares estavam sentados nas primeiras fileiras do ônibus, então conseguiram acompanhar de perto o desenrolar da situação.
A apucaranense conta que viu o responsável pela excursão levantar, conversar com o motorista e retornar para o lugar dele. "Ele só entrou e falou 'acabou o freio' e colocou o cinto. Ninguém entendeu o que ele quis dizer, mas nessa hora deu um apagão, desligou o ar e reinou o silêncio no ônibus", revela a passageira. Josemere relembra que olhou para o namorado e perguntou o que poderia ser feito naquele momento e recebeu como resposta do companheiro "não tem nada o que fazer". Após isso, a situação rapidamente se agravou.
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"O ônibus estava em uma velocidade baixa, moderada. Até pensei, na inocência da gente, que dava para parar porque estava baixo. Mas aí começou a embalar, não demorou nem 1min 30s e ficou muito rápido", conta a auxiliar administrativo. "Foi uma sensação terrível, minha filha chorou muito. Acho que ela foi uma das que mais chorou", desabafou. "Uns entenderam na hora o que estava acontecendo, outros foram perceber a gravidade da situação só depois", acrescentou. Conforme Josemere, muitos passageiros estavam dormindo no momento da falha mecânica.
Ela afirmou ainda que a ação rápida da guia de turismo foi essencial para que a tragédia fosse evitada. "O ônibus bateu nos carros e, nesse momento, a guia que estava sentada na frente, ela se ligou e pela experiência que ela tem, ela se levantou e foi até a porta do motorista e falou para ele 'tem a área de escape' e nisso ele puxou para a direta, porque a gente estava na faixa da esquerda", conta. Imagens de monitoramento da concessionária responsável pela rodovia, a EPR Litoral Pioneiro, mostram o momento em que o motorista do ônibus troca de faixa e passa entre duas carretas. "Tive que me forçar a parar de assistir esse vídeo", revela Josemere.
O seguro viagem da excursão foi acionado e um novo ônibus, vindo de Curitiba, finalizou o trajeto. O veículo deverá retornar com os passageiros para Apucarana na tarde deste domingo (8). Josemere contou que muitos estão com medo da viagem de volta, mas acreditam que o retorno acontecerá em segurança.