A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação na manhã desta quinta-feira (6) para cumprir 20 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de integrarem uma quadrilha investigada por fraudes bilionárias envolvendo cpriptomoedas no Brasil e no exterior. Entre as vítimas estão moradores de Apucarana, no norte do Paraná - que tiveram um prejuízo de quase R$ 4 milhões - e a modelo Sasha Meneghel - filha da apresentadora Xuxa - que perdeu aproximadamente R$ 1,2 milhão. De acordo com a PF, a quadrilha é suspeita de movimentar cerca de R$ 4 bilhões somente no Brasil.
Segundo a polícia, o empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins', que mora em Curitiba, é apontado como chefe do esquema criminoso. Silva é apontado como o proprietário da empresa que sequestrou as criptomoedas dos apucaranenses em meados do ano passado.
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Nesta quinta-feira (6), agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão nas cidades paranaenses de Curitiba e São José dos Pinhais, Governador Celso Ramos, em Santa Catarina, Barueri, São José do Rio Preto, em São Paulo, e em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Durante a investigação, a PF apurou que a quadrilha é suspeita de movimentar, no Brasil, cerca de R$ 4 bilhões. Grande parte do dinheiro arrecadado pelo grupo era usado para compra de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas de grife, joias, viagens e outros gastos.
O grupo, segundo a polícia, é investigado por crimes de estelionato, lavagem transnacional de dinheiro e organização criminosa. As ordens de busca foram expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba.
ALUGUEL DE CRIPTOMOEDAS
A investigação brasileira identificou que o grupo atuava no Brasil, com o aluguel de criptomoedas com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido.
Conforme a polícia, milhares de vítimas - aproximadamente 80 na região de Apucarana - foram lesadas por confiarem nos serviços prometidos pelas empresas, que alegavam vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos, afirmando possuir uma grande equipe de traders que realizariam operações de investimento com as criptomoedas alugadas e garantindo que, assim, iriam gerar lucros.
A operação apontou que o chefe do grupo contava com membros da família dele nas fraudes. Os familiares eram funcionários das empresas, e se apropriavam dos valores investidos pelas vítimas.
INTERPOL
De acordo com a Polícia Federal, a investigação começou em março deste ano, após uma solicitação de cooperação internacional por parte da Interpol, a pedido da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília EUA.
O pedido informava sobre uma investigação no exterior que identificou uma organização criminosa, liderada por um suspeito de Curitiba, que atuava com fraudes a partir de pirâmide financeira com comercialização de criptomoedas, lavagem de ativos, crimes contra o sistema financeiro.
A investigação apontou que a quadrilha aplicava golpes no Brasil e no exterior, desde 2016. O suspeito de chefiar a quadrilha possuía mais de cem empresas abertas no Brasil vinculadas a ele, segundo a polícia. Com esse grupo empresarial, as fraudes eram aplicadas nacional e internacionalmente.
Conforme a Polícia Federal, a quadrilha atuava com marketing multinível, nos Estados Unidos e em outros 10 países. Os investigados chegavam a criar e comercializar criptomoedas próprias, por meio das empresas, com promessas de pagamento de retornos mensais extravagantes. Porém, segundo a investigação, os criptoativos não possuíam lastros e não tinham liquidez no mercado gerando ao invés de lucros, um grande prejuízo.
Apucaranenses perderam R$ 4 milhões em golpe
Mais de 40 pessoas de Apucarana moveram uma ação coletiva na Justiça após sofrerem um golpe com prejuízo de quase R$ 4 milhões. As vítimas tiveram suas criptomoedas sequestradas por uma empresa que pertence ao Sheik dos Bitcoins. Agora as vítimas pedem um ressarcimento de aproximadamente R$ 50 milhões.
Ao todo, mais de 80 pessoas foram lesadas na região, após acreditarem na promessa de alto rendimento de criptomoedas. O apucaranense Fabrício Vicentini, que está entre essas vítimas, disse que já suspeitava que tratava-se de uma organização criminosa que atuava também no exterior.
Eu já imaginava que esse esquema era grande, pois essa empresa atuava em 15 países. Eu participei de uma reunião em Hong Kong, na China, com mais de 2 mil pessoas. Então imagine o prejuízo que foi lá"
- Fabrício Vicentini,
Vicentini espera que a justiça seja feita porque muitas pessoas pobres aplicaram seu dinheiro esperando alto rendimento, no entanto, foram enganadas. "O senhor Francis Silva roubou pessoas pobres e eu vi muitas pessoas desesperadas que choraram por perderem dinheiro. Uma situação de um homem que roubou dinheiro de milhares de pessoas e tem mansão, anda de avião, tem mansão em Miami. A gente espera por justiça. Acredito que o correto é que esse cidadão seja preso e pagar pelo que ele fez e que o dinheiro dessas pessoas recebam o dinheiro com valor corrigido. Esse seria o mais justo", comenta.
Segundo o apucaranense, o Ministério Público (MP) deu causa favorável e assim que o juiz der a sentença, o advogado que cuida do caso solicitará o bloqueio de bens.