A deflação de julho revelada pela queda de 0,68% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice de referência da inflação, não chegou aos alimentos. Entre junho e julho, o preço da cesta básica em Apucarana teve um aumento de 2,45%, passando dos R$ 647,33 em junho para R$ 663,18, diferença de R$ 15,85, aponta pesquisa do Núcleo de Conjuntura e Estudos Regionais (Nucer) da Unespar.
A cesta básica oficial é composta de 13 itens alimentícios que têm os preços monitorados em todo país. Segundo a pesquisa, a alta foi puxada pela disparada do preço do leite, que registrou um aumento de 72,89% no período. Outro item com alta significativa foi a farinha de mandioca, com alta de 24,78%. Preços da banana prata (5,51%), pão francês (1,92%), arroz (1,84%) e café em pó (1,52%) também aumentaram. O impacto dessas altas superou a redução registrada em sete itens pesquisados: manteiga (-19,03%), batata (-8,61%), feijão (-8,12%), carne bovina (-2,27%), óleo de soja (-1,42%), açúcar (-1,09%) e tomate (-0,48%).
Segundo pesquisa, considerando apenas o leite o aumento foi R$ 27,61 no mês de referência. Mas para o motorista de Uber Marcos Rogério fica difícil entender porque o produto ficou mais caro. “Esses dias fiz uma corrida para um produtor e durante o trajeto conversamos sobre esse assunto. Ele disse que o leite não aumentou para o produtor, então a gente não entende porque ficou mais caro para o consumidor”, indaga.
Para consumidores como Sandra Ribas, que no momento está desempregada, fica ainda mais difícil diante da alta de diversos produtos essenciais.
“Eu tomo leite todos os dias, hoje mesmo comprei cinco unidades. É complicado porque tudo está mais caro, a gente se vira como pode”
- Sandra Ribas, consumidora
Atualmente, o valor da cesta básica regional equivale a 54,7% do valor do salário mínimo nominal de julho, que é de R$ 1.212,00.
DEFLAÇÃO
O economista e coordenador da pesquisa, professor Rogério Ribeiro, explica que a deflação de calculado no IPCA ocorreu pela redução dos preços dos combustíveis e energia elétrica. “Estes preços, entretanto, não impactaram nos custos de produção, até porque foram apropriados pelas cadeias produtivas de alimentos como compensação. Em outras palavras, não reduziram os preços dos alimentos porque não haviam sido repassados todos os aumentos de custos”, afirma.
O economista acredita que nos próximos meses, há expectativa dos preços dos alimentos estabilizem ou cresçam menos. “Mas se a normalização das cadeias de suprimentos não continuar acontecendo os preços podem aumentar. Principalmente, se considerarmos um aumento de demanda com o pagamento dos auxílios emergenciais.
(Texto Adriana Savicki- colaborou Cindy Santos)