Tribuna do Norte Online

Mãe denuncia agressão contra filha autista em escola Apucarana

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 03/04/2025
Mãe denuncia agressão contra filha autista em escola Apucarana Mãe denuncia agressão contra filha autista em escola Apucarana

Uma mãe denunciou à Polícia Civil de Apucarana um caso de agressão contra sua filha, de 7 anos, estudante da Escola Municipal Senador Marcos de Barros Freire, no Jardim Ponta Grossa. Segundo o relato de Danielle Santos, a criança, que é autista, teria sido vítima de maus-tratos dentro da instituição de ensino.

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De acordo com a mãe, no dia 27 de fevereiro de 2025, uma mãe de outra aluna informou que a professora teria esfregado o rosto de sua filha no chá que ela havia derrubado, além de puxar seu cabelo. A docente também teria xingado a criança, chamando-a de “chata e feia, sem educação”.

Ainda conforme a denúncia, a criança apresentava marcas no corpo, incluindo uma mordida no braço – possivelmente feita por outra criança – e alguns arranhões. No mesmo dia, durante uma reunião na escola, Danielle foi informada de que sua filha estaria demonstrando comportamento agressivo com os colegas, sem detalhes sobre os episódios mencionados.

Em entrevista ao TNOnline, Danielle desabafou sobre a situação e sua preocupação com a permanência da professora na escola.“Ela foi agredida por uma professora não regente da sala dela no horário do café. O fato aconteceu dentro do refeitório. Minha filha não está bem, na cabecinha dela, ela não quer ir para a escola. Ela começou a passar por psicóloga na AMAA (Associação de Pais e Amigos dos Autistas Apucaranenses).”

A mãe afirmou que a escola tomou providências, mas que a professora continua atuando na instituição.“A escola fez o que pôde fazer, repassaram para a Autarquia de Educação o caso e agora estão aguardando a sindicância que foi aberta contra a professora. Ela é uma professora das aulas extras, tipo educação física, para minha filha. E ela meio que faz tudo na escola. Nesse dia estava ‘ajudando’ no refeitório com a organização das crianças.”

Daniele destacou o receio de que o episódio se repita.“Com essa professora ainda na escola, não existe segurança nenhuma para mim. Eu imagino que, a qualquer momento, ela pode fazer algo contra minha filha ou outra criança. Eu não estou tranquila nem vou ficar, já que ela continua lá.”

Ela também relatou que suas filhas ficaram mais de um mês sem frequentar as aulas por conta do ocorrido. “Minhas filhas passaram mais de um mês sem ir para a escola, mas agora terão que voltar. Elas retornam nesta sexta-feira (4), e a professora continua lá na mesma escola e na mesma função dela.”

Segundo a mãe, apesar da sindicância aberta contra a professora, ela não foi afastada da instituição.“ Ela só não vai dar aulas para as minhas filhas, mas na escola ela continua. Mesmo após as provas que eu tenho contra ela e também a confirmação da minha filha do ocorrido. Onde já se viu a agressora continuar no mesmo ambiente que a pessoa que ela agrediu? Quem me garante que ela não fará de novo? E por que ela não pode aguardar essa sindicância e toda essa investigação na casa dela? Eu estou cansada, esgotada. Minhas filhas estão fora da escola única e exclusivamente por causa dela.”

Autarquia e AMAA se manifestam sobre o caso

A Autarquia Municipal de Educação enviou uma nota ao TNOnline afirmando que acompanha a situação de perto e que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas. “Esclarecemos que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas, e a Autarquia está colaborando com a Justiça para averiguar a veracidade dos fatos. Por meio de seu setor jurídico, foram colhidos depoimentos da professora e da equipe escolar, a fim de compreender melhor a situação. Além disso, a mãe da estudante foi convidada para ser ouvida e acolhida pelo setor do Gerenciamento de Apoio Psicopedagógico (GAP).” (Veja a nota na íntegra abaixo).

A autarquia também informou que, em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Autistas Apucaranenses (AMAA), foi disponibilizada uma vaga para a criança iniciar acompanhamento psicológico.

Maria Honorato, presidente da AMAA, explicou como a menina passou a receber atendimento.“A gente ficou sabendo dessa situação através de um grupo de WhatsApp, o Tea Apucarana (Transtorno do Espectro Autista – TEA), com mais de 300 famílias. Mas essa mãe não procurou a AMAA quando isso aconteceu. O tempo passou e, em torno de 15 dias, surgiu uma vaga com um psicólogo para uma criança.”

Maria relatou que a vaga foi encaminhada para criança a pedido da Autarquia Municipal de Educação.“Como agora a gente tem uma abertura com a Autarquia, melhor do que na gestão passada, entrei em contato com as meninas do (GAP) da Autarquia de Educação e falei: ‘Olha, a gente está com uma vaga apenas para psicólogo, vocês têm alguma criança que está com dificuldade na escola, precisa de alguma intervenção no comportamento?’ E o GAP falou sobre a situação que ocorreu na escola com a menininha. Então, ela precisa, sim, de um acompanhamento. Ela está sendo assistida pela associação, já fez o anamnese com o psicólogo e, na terça-feira (1º), foi a primeira sessão da criança, em atendimento psicológico.”

A Autarquia também reforçou que a professora foi afastada da turma da criança como medida preventiva e reafirmou que a estudante conta com professor de apoio desde o início do ano letivo.

O caso segue sendo investigado.

Nota da Autarquia Municipal de Educação: