Laudo aponta cocaína em vítima no Pirapó; "não justifica", diz família

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 03/07/2024
Bruno foi morto com tiro no rosto em março deste ano

Um laudo divulgado nesta quarta-feira (3) mostra que Bruno Emidio da Silva Junior, de 33 anos, que morreu atingido com um tiro no rosto após subir em um muro de uma casa no Distrito do Pirapó, em Apucarana (PR), havia consumido cocaína e estava com 12,2 dg/L de álcool no sangue. O laudo foi elaborado pela perita criminal Silvana Patricio Oliveira Gomes, da Polícia Científica. O advogado da família diz que laudo "não justifica" crime. Veja abaixo

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Bruno Emidio da Silva Junior foi morto em 9 de março deste ano durante uma confraternização no Distrito do Pirapó, em Apucarana. Ele estava com a namorada e outro casal de amigos em uma casa na Rua João Batista Judai, quando foi atingido por um tiro disparado pelo vizinho da residência. O autor do disparo, Agnaldo da Silva Oroski, de 42 anos, foi preso quatro dias após o crime, em 13 de março. Ele está detido na Cadeia Pública de Apucarana aguardando julgamento.

O assassinato, que foi gravado por uma câmera de segurança, gerou repercussão nacional. A defesa de Agnaldo pretende usar o laudo no processo, que está na fase final e deve ir para júri popular, sem data ainda definida.

O advogado Carlos Augusto Santana, que representa o acusado, afirmou nesta quarta-feira ao TNOnline que o laudo é importante para “mostrar aos jurados o que realmente aconteceu" no dia do crime. A defesa sustenta a tese de que o crime foi praticado em “legítima defesa putativa”, que é o termo utilizado nos casos em que o autor do crime foi induzido ao erro, já que a vítima subiu no muro da residência por volta das 23 horas.

O advogado Lucas Cardoso, que representa a família da vítima, afirmou ao TNOnline que o resultado do laudo “não muda em nada” a  estratégia de acusação. “A defesa do réu vai usar isso para justificar o que Agnaldo fez, porém, as imagens já dizem por si só o que ocorreu. A vida pessoal da vítima não interfere no processo; o que está sendo discutido é o homicídio. As imagens mostram que Agnaldo agiu conscientemente em acertar qualquer pessoa, mas ele achava que era o morador da casa quando atirou. Lembrando que, em dezembro, houve disparos intencionais contra a casa do vizinho. Reforçando, a vida particular da vítima não é o que está sendo discutido”, disse.

O advogado reforça que o réu teve intenção de matar. “Infelizmente, Bruno não está aqui para se defender, mas isso não interfere em nada na forma como vamos agir. As imagens são claras; nenhuma outra situação justifica a atitude lamentável de Agnaldo em se achar no direito de tirar a vida de alguém. Nós esperamos e confiamos na Justiça do Paraná e queremos e esperamos que ele permaneça preso até o dia do júri popular”, disse o defensor.

O QUE DIZ O LAUDO

Pelos resultados obtidos, a Perita Oficial signatária deste laudo conclui que, no material biológico analisado, foi detectada a presença de álcool etílico, com concentração igual a doze decigramas e dois décimos de decigrama por litro de sangue analisado. Também foi detectada a presença de cocaína e benzoilecgonina. A cocaína é o principal alcaloide presente nas folhas da planta Erytroxylum coca Lam., e possui efeito estimulante do sistema nervoso central. Apresenta-se sob a forma de pó (cloridrato de cocaína) ou sob a forma de “pedra” (base livre), conhecida como “crack”. A benzoilecgonina é o seu principal produto de biotransformação”, diz o laudo assinado pela perita oficial criminal Silvana Patricio Oliveira Gomes.

O CRIME

Testemunhas relataram à polícia que participavam de uma confraternização e que todos ouviram disparos de arma de fogo vindos da casa vizinha. Os tiros despertaram a preocupação e Bruno subiu em um suporte para botijão de gás para tentar enxergar o que estava acontecendo por cima do muro, momento que levou um tiro no rosto. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionadas, mas o disparo foi fatal e o rapaz morreu no local.

A arma usada no crime, uma pistola 380, foi apreendida pela Polícia Civil. O autor do crime, que morava ao lado da casa onde era registrada a confraternização, foi preso em 13 de março, após ficar quatro dias foragido. Ele segue detido aguardando a conclusão do processo e pelo júri popular.