Há menos de um mês do Natal, as famílias que já começam a pensar na ceia se surpreendem por causa do valor de alguns produtos tradicionais desta época, que chegaram a subir 40% neste ano. Esta alta foi influenciada pela alta do dólar e também pela inflação.
A taxa de câmbio média do real para o dólar em 2020 está em R$ 5,15 até o momento. É a mais alta desde a implantação do Plano Real, em 1994. Vinhos ou espumantes importados são alguns dos itens que mais encareceram do ano passado para cá: até 40% a mais.
“Os importados, em função da pandemia e do cambio, explodiram. O preço médio de um vinho, que estava em torno dos R$ 35 no ano passado, agora não se acha por menos de R$ 50. Mas o valor do vinho nacional se manteve, então tem essa opção para o consumidor”, explica o gerente de um supermercado de Apucarana Sérgio Lemes da Silva.
Segundo o gerente, as frutas de caroço, como ameixa, pêssego e nectarina, em média subiram de 15% a 20% em relação ao ano passado. “Esse valor é devido à inflação acumulada e também ao dólar, mas não vai faltar esses produtos e o valor deles pode diminuir quando chegar mais perto do Natal. A nectarina nacional, por exemplo, em média está entre R$ 16 e R$ 18 o quilo. Já a importada, entre R$ 30 e R$ 40”, destaca.
As aves natalinas também sofreram acréscimo, que pode chegar a até 12%. O quilo do peru e do chester está em média R$ 19,90. Já o tender chega a R$ 50 o quilo. “Essas aves teve o aumento impulsionado pelo aumento do bovino e também pela demanda grande. Esse produto já está esgotado as vendas nas indústrias. As empresas não têm mais para oferecer para os supermercados. Fizemos até uma reunião com a diretoria na semana passada, vai chegar bastante aves, mas não tem mais na indústria para a compra”, destaca.
Quem gosta de um panetone deve pagar 5% a mais pelo produto. “As indústrias, as empresas preveem um dos melhores natais de todos os tempos, devido ao aumento do consumo. As pessoas vão estar mais em casa, e a expectativa é muito boa, mas realmente tivemos esses aumentos em produtos”, disse Sérgio.
O subgerente de outro mercado em Apucarana, Ismael Felipe da Silva Barbosa, disse que a empresa se prepara para ofertar promoções de bovinos e suínos como opções mais em conta para a ceia de Natal. “Com esses aumentos nas aves natalinas, já estamos preparando promoções em carnes para churrasco. O preço das carnes bovina e suína devem se manter”.
CÂMBIOSegundo Rogério Ribeiro, economista e professor universitário a orientação é usar a estratégia da substituição. “O câmbio está em alta há alguns anos, os produtos importados estão mais caro e não seria diferente na cesta de Natal. As alternativas que existem é fazer a substituição do produto importado para um nacional similar. Existe dois lados no aumento do dólar, é favorável para a nossa exportação, nosso produto fica mais barato lá no exterior e o efeito reverso é que o produto importado fica mais caro e na atual conjuntura não vai mudar esse cenário em um curto prazo. Para quem não quer, não pode dispor de recursos maiores para montar a cesta, que faça a substituição”, orienta.