Golpes colocam mercado de criptomoedas em xeque; como investir?

Autor: Da Redação,
sábado, 22/10/2022
Máquinas desligadas: fotógrafo Paulo Henrique faz manutenção na placa de vídeo enquanto aguarda transição de moeda

Nas últimas semanas o mercado das criptomoedas tem ganhado os noticiários após uma sucessão de episódios de golpes financeiros como é o caso do Sheik dos Bitcoins, morador de Curitiba que enganou a modelo Sasha Meneghel, o cantor Wesley Safadão e aproximadamente 80 pessoas da região de Apucarana, norte do Paraná, e o músico e empresário Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla que foi preso na última quarta-feira (19), durante operação contra um esquema de pirâmide financeira transnacional que criou a própria criptomoeda e a supervalorizou superficialmente.

Mesmo existindo preocupações sobre negociações fraudulentas, especialistas e mineradores de Apucarana e região garantem que vale a pena investir na economia digital, desde que seja feito em plataformas amigáveis e seguras.

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É uma maneira de diversificar seu portfólio com um ativo totalmente descentralizado, que te permite fazer transações mundiais, e que a oscilação de preço não depende da política econômica do governo, pois sabemos que se a política econômica é ruim amoeda fiduciária perde valor de maneira muito rápida"

- Iara Thamires Alves, especialista em criptomoedas,
  

Segundo a especialista, outra vantagem é o custo das transações que são muito baixas. Além disso, as moedas virtuais têm um limite de 21 milhões, o que gera escassez, fazendo com que a longo prazo tenha um potencial muito grande de valorização.

A dica para não cair em golpes é estudar os fundamentos da economia virtual e comprar as criptomoedas mais consolidadas, que tem potencial para existir a longo prazo.

“Hoje em dia já tem disponível para adquirir criptomoedas em vários aplicativos que estão no nosso dia a dia como Picpay, Mercado Pago, 99taxi, Nubank, o ideal é começar com um valor baixo”, orienta.

APUCARANENSES LUCRAM COM CRIPTOMOEDAS

A pandemia da Covid-19 encorajou o fotógrafo apucaranense Paulo Henrique Cardozo a investir em criptomoedas. Na época, o setor de eventos, ramo onde ele atua, teve suas atividades paralisadas por causa das medidas de prevenção da doença. “Como estava sem trabalhos de evento, passei a buscar uma oportunidade de investimento e renda”, conta.

Sem poder trabalhar, PH – como é conhecido na cidade – decidiu apostar nas moedas virtuais e se surpreendeu. Durante uma pesquisa na internet, um vídeo explicativo apontou o caminho e Paulo Henrique decidiu investir.

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“Pesquisei no YouTube e achei um vídeo sobre como ganhar dinheiro com o computador. Assisti até o final e em seguida já fui tentar para ver se dava certo. Após quatro dias já recebi o primeiro pagamento, então percebi que era algo verdadeiro e comecei a investir aos poucos”.

Paulo investiu em equipamentos e sistemas de computação específicos para esse tipo de trabalho, chamados 'rigs', e até em energia solar para economizar energia elétrica, atingindo em 2021 8,2% de retorno financeiro por mês com a mineração da moeda Ethereum.

MINERAÇÃO: ENTENDA O QUE É

A mineração consiste basicamente em alugar o poder computacional para alguma rede, no caso a que tem maior retorno financeiro. Os mineradores competem entre si usando o poder de processamento computacional chamado de Proof-of-Work, para resolver problemas matemáticos complexos, e assim, incluir e vincular os blocos na rede, recebendo moedas digitais como recompensa por 'validar' essas transações. 

“Nós fazemos autenticações de cada transação feita na rede, quando mais transações aprovadas e validadas corretamente, mais ganhamos. Quando iniciei eu fazia uma média de 1 mil transações por dia. Hoje chego a fazer uma média de 34 mil transações por hora”, revela.

Segundo PH, é possível comprar criptomoedas diretamente, depois vender em um valor mais alto e faturar em cima da transação, o que é chamado de ‘trade’, ou até mesmo comprar a moeda desvalorizada e vendê-la, ou até trocar por outra moeda quando houver valorização.

Contudo, ele considera mais seguro investir em equipamentos de mineração. “Tem pessoas que investem em mineradoras fora do Brasil ou até mesmo montam as suas mineradoras no Paraguai devido ao custo energético mais barato. Mas eu não tive coragem de entregar meu dinheiro para uma outra empresa gerenciar”, comenta.

O técnico de informática Flávio Rogerio Ansanelo, de Apucarana, investe em criptomoedas há cinco anos. Ele explica que essa modalidade é diferente da mineração e consiste basicamente em comprar as moedas virtuais que mais valorizam, no caso dele Bitcoin, Ethereum, XRP, e Cardano.

Para investir ele explica que é preciso abrir uma conta em uma corretora séria e comprar a moeda virtual que desejar. “É rentável sim, mas não indico para a pessoa que estão precisando de dinheiro rápido, é um investimento para longo prazo”, alerta.

GUERRA NA UCRÂNIA AFETOU MERCADO DA MOEDA VIRTUAL

O mercado, entretanto, é de altos e baixos. De acordo com Paulo Henrique Cardozo, a maioria dos mineradores estão com seus equipamentos desligados esperando a alta de alguma moeda que renda para pagar às custas de energia elétrica e lucrar algum dinheiro. O fotógrafo disse que aguarda a transição de moeda para voltar a minerar. 

“O mercado mundial está em baixa, aí refletiu diretamente nos valores das criptomoedas. Esse ano com a guerra e o mercado macroeconômico ruim afetou demais o rendimento”, explica.