A Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Apucarana registrou aumento de 128% nos processos de inscrição para adoção durante a pandemia. Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNAA) mostram que em 2020 sete pessoas foram habilitadas a adotar, número que cresceu para 16 em 2021. Neste ano, cinco novos pretendentes foram habilitados para adoção, somando um total de 25 pessoas na fila de espera na comarca. Ainda segundo o SNAA, existe apenas um adolescente apto a ser adotado aqui na comarca de Apucarana.
Para o judiciário, o aumento no interesse pela adoção pode estar relacionado ao acesso à informação que cresceu devido ao maior tempo disponível na época por conta do cenário de isolamento social imposto pela pandemia. “Para nós a pandemia foi um momento com aumento nas buscas por habilitações no Cadastro Nacional de Adoção. No entanto, esse interesse não necessariamente vai resultar no aumento das adoções e acolhimentos”, explica a juíza Carolline de Castro Carrijo, titular da vara.
Antes de partir para adoção, é feito um trabalho junto a família biológica na tentativa de que a criança possa retornar a tutela dos pais. Não sendo possível, a segunda opção é encaminhar a um parente, se houver vínculo. Se nenhuma destas tentativas surtirem resultado, é feita a destituição familiar e a criança vai para adoção.
A juíza afirma que a fase de cadastro dos pretendentes, entrevista e curso é rápida. A maior dificuldade, segundo ela, é levar as pessoas a reflexão para ampliar o perfil da criança que pretendem adotar. Em todo o país são mais de 33 mil pessoas cadastradas para adoção enquanto 4.184 crianças estão disponíveis, uma conta que não fecha porque a maior parte dos pretendentes tem interesse em crianças com até dois anos, sem irmãos, sem doenças ou deficiências.
“A demora é relativa, ocorre de acordo com o perfil escolhido. Porque, se a pessoa está disposta a receber grupo de irmãos, acima de 6 anos e se aceitar algum tipo de deficiência é provável que assim que for habilitada já começará a ser procurada por alguma comarca. Por outro lado, se o perfil for muito restrito, como uma criança recém-nascida, sem deficiência, sem grupo de irmãos, poderá ser um processo um pouco demorado”, assinala a juíza.
Casal sonhava em aumentar a família
Alegria, emoção e muita gratidão pela vida. Essas foram as palavras que a professora Solange Gomes de Oliveira Stankewicz, 52 anos, e o marido dela, advogado Alex Stankewicz, 46 anos, usaram para descrever o sentimento despertado com a chegada do segundo filho, o Murilo. O pequeno, que hoje tem 4 anos, foi adotado e chegou com apenas 12 dias de vida a casa de sua família.
O casal, que já tem um filho biológico de 11 anos, conta que decidiu adotar pois sentia falta de um complemento familiar. Os dois procuraram a Vara de Infância e Juventude, em 2013, e passaram por todo processo legal como cadastro de intenção, cursos para habilitação e entrevistas. Foram cinco anos de espera até o primeiro encontro com o Murilo. “Nosso encontro se deu após encaminhamento do Serviço Social do Fórum ao Lar onde se encontrava o Murilo. A sensação foi incrível! Amor à primeira vista! Sabíamos que certamente estávamos diante do nosso segundo filho”, recorda Solange.
Nesta quarta-feira (25), Dia Nacional da Adoção, o casal fez questão de incentivar as famílias que desejam adotar a procurarem o poder judiciário, que segundo eles, dá todo o suporte necessário para que o processo de adoção ocorra com total lisura.
“Após essa decisão, e toda a expectativa que envolve o processo, o sentimento é de muito amor, e a certeza que esse amor toma forma na pessoa do adotado. Estamos felizes e muito gratos a Deus por nos ter dado a oportunidade de mais uma vez nos realizarmos como pais”, conclui o casal.
Amor em dose dupla
A bancária Thaís Cristina Proença Costa Geraldo, de 37 anos, conta que sempre teve desejo de adotar. E quando descobriu que não poderia ter filhos esse sonho só aumentou. Três anos após se casar com o vendedor Sidnei Geraldo Filho, de 36 anos, o casal iniciou o processo de habilitação. “A gente colocou que poderia ser um grupo de até três irmãos com até seis anos de idade. Porque, até seis anos, a criança ainda é um bebê e precisa de toda atenção e todo carinho. Então decidimos que até seis anos seria a idade ideal”, conta.
Após três anos na fila de espera, o casal conheceu Gabriel, que na época tinha 3 anos e 7 meses, e o irmão dele Kelvin, com dois anos e três meses a época. Foi amor à primeira vista.
“Nossa vida antes deles era feliz mas agora é maravilhosa. Nossa vida mudou, a rotina mudou mas é muito maravilhoso voltar para casa e receber o abraço e ouvir deles mamãezinha e papaizinho é indescritível. Independente da idade a criança e o adolescente merece todo o amor, cuidado e carinho. Para nós a adoção foi maravilhosa”, descreve.
Por, Cindy Santos