Há exatamente 30 anos, no dia 1º de maio de 1994, o automobilismo perdia seu grande ícone mundial Ayrton Senna. O piloto de Fórmula 1 foi o grande responsável por popularizar a paixão pelas pistas, carros e pela velocidade no Brasil e, até hoje, é idolatrado em todo o país. O empresário José Luiz Mareze Júnior, dono de uma loja de carros antigos de Apucarana (PR), faz parte da legião de fãs do piloto e lembra com nostalgia da época em que acordava cedo aos domingos para assistir seu grande ídolo correr. Assista o vídeo no fim do texto.
“Sou aquele menino que quando era criança acordava cedo aos domingos só para ver o Ayrton Senna. Eu realmente passei por essa fase. Era bem novo, tinha sete ou oito anos, mas lembro como se fosse hoje. Era o domingo do Ayrton Senna. Isso ficou gravado pela minha memória. E a minha paixão pela velocidade, pelo ronco dos motores, com certeza vem do Ayrton Senna”, afirma.
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Mareze ressalta que o ícone do automobilismo também se tornou um modelo para a sociedade, com sua garra e perseverança, sempre levando o nome do Brasil por onde passava. Senna deu uma grande contribuição no que diz respeito à mudança de padrão de auto percepção dos brasileiros. “Ele amava o Brasil e para mim ele é um ídolo porque se dedicava muito. A garra que ele tinha, vontade de vencer. Ele tinha algo que eu também tenho, o famoso espírito vencedor. Eu via muito isso no Ayrton Senna, não aceitava perder”, afirma.
O dia da morte do piloto ficou marcado na memória do empresário que se lembra com nitidez quando recebeu a triste notícia. “Estava todo mundo assistindo a corrida, na hora que ele bateu eu saí da sala e fui até a cozinha. Eu achei que era outro piloto. Ninguém achava que ele ia morrer. E depois eu chorei muito quando anunciaram a morte, porque era um ídolo. Mas eu acho que se ele não tivesse morrido ele não seria tão ídolo quanto é hoje, pois as pessoas só dão valor às outras pessoas depois que elas morrem. Naquele momento o pessoal começou a perceber o quanto Senna era importante para o Brasil”, comenta.
E é justamente a sensação que a dona de casa Luciana Fassina teve após a morte do piloto. Ela que é casada com o agricultor Geraldo Bovo, não gostava muito de Fórmula 1, justamente porque nos dias de corrida era deixada um pouco de lado pelo marido, que era namorado dela na época. “Eu ficava muito irritada porque a primeira coisa que Geraldo fazia aos domingos era assistir Fórmula 1. Eu ficava muito enciumada, até peguei raiva da Fórmula 1”, confessa.
A morte de Senna gerou uma comoção nacional e só então Luciana passou a conhecer outras facetas do piloto, considerado um ser humano extraordinário que transcendeu as fronteiras do esporte e deixou um legado duradouro fora das pistas. “Depois que Ayrton Senna faleceu eu vi toda a repercussão na mídia e comecei a me interessar. Começaram a divulgar as coisas boas que ele fazia e a pessoa maravilhosa que ele era, humana e transparente. Até me arrependi na época de não ter apreciado mais quando ele estava vivo”, conta.
Com o passar dos anos, Luciana e Geraldo se casaram e tiveram as filhas Rita e Rúbia. Passados alguns anos decidiram batizar o terceiro filho com o nome do piloto. “Eu concordei porque era uma pessoa muito admirável. E, de coração, eu queria que meu filho se parecesse com Senna nas boas ações. Sempre ajudando e se preocupando com o próximo. Nunca se preocupou com raça, classe ou cor”, afirma.
Moradores assistiram última vitória de Senna no Brasil
Quatro amigos, moradores de Novo Itacolomi e Apucarana, assistiram a última corrida de Ayrton Senna no Brasil antes da morte do piloto. Em 28 de março de 1993 o piloto venceu o GP do Brasil, em Interlagos. “Ele terminou a corrida só com a sexta marcha e venceu. Foi emocionante. O público invadiu a pista. Foi uma sensação maravilhosa ver a torcida e ver a vitória do maior ídolo brasileiro. Me emociono só de lembrar. Foi a despedida dele para a torcida brasileira”, contou o comerciante Sérgio dos Santos, de Novo Itacolomi. Após a morte de Senna, o comerciante perdeu o interesse pela Fórmula 1 e parou de acompanhar.
Nascido em São Paulo, piloto começou sua carreira competindo no kart em 73 e dois anos depois ele correu em Rolândia, aqui no Paraná, quando foi o vice-campeão do Campeonato Brasileiro de Kart. A trajetória na Fórmula 1 começou em 81 quando venceu as Fórmulas Ford 1600 e 2000. No total Senna conquistou três títulos de campeão mundial, com 41 vitórias e 65 pole-positions. Uma das mais belas trajetórias da F1
Além das corridas e outros empreendimentos Senna também patrocinou vários programas de assistência filantrópica, principalmente ligados a crianças carentes.
O piloto também teve papel de destaque na história do boné de Apucarana. O boné usado por ele, do antigo Banco Nacional, foi fabricado em Apucarana.
Ayrton Senna despediu-se precocemente em um acidente fatal no GP de San Marino em 1994, deixando órfã uma geração e imortalizando seu nome na história da Fórmula 1.
Assista o vídeo: