A pandemia do novo coronavírus mudou drasticamente o perfil de óbitos na região. Dados preliminares da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana revelam que em 2021, complicações relacionadas a Covid-19 já são responsáveis por 39% das mortes registradas nos 17 municípios de abrangência do órgão. O número é maior que a soma das doenças circulatórias e neoplasias (tumores), que são tradicionalmente as maiores causas de morte na região.
No ano passado, de janeiro a dezembro, complicações da Covid-19 foram responsáveis por 11% do total de mortes pela 16ª RS. Ao todo, 2.971 óbitos foram registrados ao longo do ano, dos quais 327 foram decorrentes do coronavírus. Doenças do aparelho circulatório foram as principais responsáveis pelas mortes da região com 806 casos (27%), seguida pelos casos de neoplasia com 484 casos (16%). De 1 de janeiro de 2021 até ontem, das 1.116 mortes registradas pela RS, 438 foram causadas por complicações da Covid-19. As doenças circulatórias foram responsáveis por 17% das mortes (200) e as neoplasias, por 12% (143) do total de óbitos na região.
De acordo com o chefe da 16ª RS Altimar Carletto, esta é a primeira vez que estas causas mais comuns são superadas por outra doença na região. “Em nenhum outro momento, mesmo com H1N1 e outras situações, as doenças circulatórias e tumores foram superadas como principal causa de óbitos. Estes números nos revelam que estamos passando pelo momento mais mortal da pandemia”, considerou.
Carletto frisa que um protocolo rigoroso é adotado para registrar as causas das mortes nos municípios e muitas fake news têm disseminado pânico entre a população. “Infelizmente, os óbitos pela Covid-19 acabaram se tornando um assunto polêmico e complexo, já que fake news são disseminadas afirmando que municípios, hospitais e até médicos estariam recebendo dinheiro pelos diagnósticos. Essas afirmações falsas só alimentam crendices e não ajudam a ninguém. Existe um protocolo rigoroso e todas as vezes que algum paciente dá entrada em um hospital para qualquer tratamento e apresenta sintomas respiratórios, ele irá passar por exames para atestar contaminação pela Covid-19. Se houver óbito e existir qualquer suspeita, é feita uma coleta pós morte para atestar a causa da morte”, explicou o chefe da 16ª RS.
“Ano passado tínhamos uma cepa que trazia complicações, mas não era tão agressiva. Nossa taxa de ocupação de leitos era de 70% e o número de leitos era menor. Agora, a região mais que triplicou o número de leitos e as ocupações estão quase sempre batendo 100% com um crescimento expressivo dos casos e óbitos. Estamos chegando a uma estabilidade, mas os números ainda são muito altos e isso só pode ser revertido com uma aceleração da vacinação e com os cuidados básicos intensificados pela população como uso de máscaras, distanciamento social e higiene das mãos”, declarou.