Você já pensou em fazer parte de um grupo de dança gaúcha mesmo morando em Apucarana (PR)? Com a participação de 13 casais, o grupo “Querência Amada” vem ganhando notoriedade na região norte do Estado e revive a cultura gaúcha nos municípios do Vale do Ivaí. Os participantes, apesar de paranaenses, são apaixonados pela tradição do Rio Grande do Sul e se consideram donos de “corações gaúchos”.
Criado em agosto de 2019, o grupo tem um objetivo simples: espalhar o amor e a beleza das tradições gaúchas por onde passa. Os integrantes são coordenados por um casal de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, que adotou Apucarana e faz da cidade sua residência há anos. O funcionário público Adriano Bossi, de 55 anos, e sua esposa Maria Eunice Guidelli Bosi, de 56, tiveram a ideia de criar a equipe após fazerem aulas de dança no Clube 28 de Janeiro.
“Já gostávamos de bailes e da tradição gaúcha e, em um curso de dança, conhecemos outros casais que também se identificavam com a dança gaúcha. Por intermédio desse curso, foram criados vários grupos de danças de tradição: Faxinal, Borrazópolis, Apucarana e outros, porém os demais não deram continuidade e se acabaram”, conta Adriano.
📰 LEIA MAIS: Frei vira influencer e viraliza cuidando de idosos no Paraná
A “Querência Amada” completa cinco anos no próximo mês e, desde sua criação, casais entraram e saíram. Adriano Bosi frisa, no entanto, que mais da metade dos participantes do grupo ainda são da formação original. “Hoje temos três casais de Mandaguari, um de Jandaia do Sul e o restante todos de Apucarana. As ocupações são as mais diversas. Temos comerciante, costureira, empresário, construtor, autônomo, policial, operário, eletricista, engenheiro e advogada”, pontua.
O coordenador explicou que as apresentações acontecem sempre através de convites. O grupo foi convidado para dançar na cantata de Natal em Apucarana e também no Espaço das Feiras. Em cidades da região, a “Querência Amada” levou a cultura gaúcha em escolas municipais de Califórnia e em um baile em Mauá da Serra. Eles também se apresentaram no Centro de Tradição Gaúcha (CTG) de Maringá.
Para que tudo aconteça, o grupo de dança conta com um treinamento árduo. Todas as terças-feiras, sempre às 20h30, os 13 casais se reúnem no Salão Comunitário do Núcleo Habitacional Papa João Paulo. Os participantes de outros municípios vêm para Apucarana semanalmente e arcam com todos os custos para entregar um resultado impecável durante os shows. “Sem patrocínio, tudo investimento próprio”, frisa o coordenador ao relatar que até mesmo os figurinos tradicionais são uma responsabilidade do grupo, que chama atenção na região.
Os participantes dizem que encontraram no grupo de dança um local de acolhimento. “Criamos laços de amizade mais fortes até que algumas famílias. Estamos unidos não apenas em momentos de alegria, mas em todos os momentos”, diz Adriano. E a “Querência Amada” aceita novos integrantes, mesmo que não saibam dançar. “Para fazer parte do grupo, agora estamos aceitando apenas casais casados. Mas não precisa ter conhecimento de dança, não. A gente ensina”, explica o coordenador. “Imprescindível que se identifique com a cultura e com a tradição gaúcha e curta um bom baile”, finaliza.
📲 Clique aqui e receba nossas notícias pelo WhatsApp ou convide alguém a fazer parte dos nossos grupos
Para Adriano e Eunice, a tradição gaúcha é algo intrínseco à vida deles. “O Rio Grande do Sul com sua cultura rica sempre nos prendeu a atenção. Chimarrão, por exemplo, minha vó tomava, minha mãe e eu gosto muito e meu filho também toma. O churrasco então, quem é que não gosta daquele cheirinho de carne assando?!”, brincou o paranaense. “Acho que ser gaúcho, vai além de apenas ter nascido no Rio Grande do Sul. Ser gaúcho é um estado de espírito, um modo de viver... Sou curitibano, mas com coração gaúcho”, afirma Bosi.
Sonho: CTG em Apucarana
Com o fechamento do Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Mate Amargo, Apucarana ficou “órfã” em relação à cultura do Rio Grande do Sul. “Lamento muito a perda do CTG, mas, quem sabe, as autoridades nos ajudam a criar um novo, faz-se necessário. Apucarana, no Vale do Ivaí, creio que seja o único município que possui um grupo de danças gaúchas”, diz Adriano Bosi.
Se tratando da possibilidade de um CTG ser novamente criado na cidade, o coordenador do grupo de dança afirma que “toda realidade foi sonhada um dia”. Para ele, a ideia apenas seria possível com uma junção de forças. “Teríamos que unir forças. A prefeitura na doação de um dos tantos terrenos que tem e estão sem uso, vereadores e empresários para nos ajudar na construção. Garanto que com este CTG, não deixaríamos a cidade perder. Poderíamos ajudar e muito toda a comunidade apucaranense”, frisa.