Um levantamento elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) confirma a posição de liderança de Apucarana no setor de confecções do Paraná. Maior polo do segmento no Estado, o município lidera no número de empresas e também ocupa o primeiro lugar na geração de empregos formais entre todas as cidades paranaenses.
Produzido pelo Observatório Sistema Fiep, o estudo foi apresentado em Curitiba durante evento recente com lideranças políticas e empresariais do Paraná, que contou também com a presença do secretário estadual do Trabalho, Qualificação e Renda, Mauro Moraes.
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Segundo a Fiep, o segmento têxtil e do vestuário responde por 9% dos empregos, 13% dos estabelecimentos e 2% do Valor Adicionado Bruto (VAB) da indústria de transformação do Paraná. São 4.201 empresas do setor no Estado, que geram 61.954 empregos formais e que movimentam R$ 5,6 bilhões em vendas.
Apucarana ocupa a liderança em número de estabelecimentos no Estado. São 612 empresas na área de confecções e vestuário, segundo números de 2021. O município está bem à frente de Curitiba, que aparece na segunda posição, com 357 empreendimentos. Maringá tem 328 e Cianorte, 224. São micros, pequenas, médias e grandes empresas. As MEIs (Microempreendedores Individuais) não integram o estudo.
O levantamento aponta ainda que Apucarana foi uma das duas únicas cidades a registrar aumento de estabelecimentos formais na comparação ao ano anterior, com alta de 1,49%. Além do número de empresas, o estudo da Fiep mostra que o município é líder também na geração de empregos formais no segmento, com 7.175 trabalhadores com carteira assinada, com crescimento de 13,03% em relação a 2021. Cianorte está na segunda colocação, com 3.907 trabalhadores; e Maringá na terceira, com 3.721 trabalhadores.
Para 2023, as expectativas são de crescimento, ainda que tímido. Segundo a RC Consultores, o setor projeta alta de 0,9% em 2023 na produção e 1,1% nas vendas internas. Fatores como custos, preços do algodão e frentes marítimos vêm prejudicando o segmento. Por outro lado, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), a queda da inflação e a manutenção do emprego podem ajudar a impulsar a indústria de confecções.
Setor vai muito além do boné
A empresária Elizabete Ardigo, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale), afirma que o município conta com uma cadeia produtiva completa no segmento de confecções, desde a produção de matérias-primas até a mais variada gama de produtos finais.
“Comemoramos recentemente os 50 anos do início da produção de bonés em Apucarana. Foram empresários pioneiros, que batalharam muito e abriram as portas para o segmento de confecções, que hoje abrange uma cadeia produtiva ampla. Além dos bonés, Apucarana é hoje destaque na produção de camisetas, jeans, moda praia, malharias e aviamentos, com alcance em todo o país”, assinala Elizabete.
A presidente do Sivale afirma que o polo de confecções de Apucarana vem se reinventando ao longo dos anos. “Além do boné, que continua com sua força, hoje a cidade é referência na produção de roupas desde a moda country, o hip hop até o fitness”, cita Elizabete.
A versatilidade e a capacidade de adaptação é um outro ponto destacado. Durante a pandemia, muitas empresas rapidamente passaram a produzir máscaras para o Brasil inteiro, mantendo a produção e os empregos em um momento de crise mundial com a pandemia de covid-19. Há também a forte cadeia de produção de matéria-prima, que abastece o mercado local e também empresas de todo país.
Segundo a presidente do Sivale, Apucarana produz cerca de 5 milhões de bonés e 6 milhões de camisetas por mês, sem contar os demais itens do setor de confecções. “É um protagonismo que nos orgulha”, cita Elizabete, destacando o papel do Sivale nessa evolução. “O sindicato completou 36 anos de atuação, buscando justamente esses resultados positivos”, finaliza a empresária.
Orgulho para Apucarana, diz prefeito
O prefeito de Apucarana, Junior da Femac (PSD), afirma que é motivo de orgulho para o município alcançar a posição de detentor do maior número de empresas e de maior número de trabalhadores no segmento têxtil e do vestuário do Paraná.
Segundo ele, a indústria desse segmento surgiu como uma resposta às dificuldades criadas pela geada de 1975, que dizimou os cafezais e gerou graves prejuízos à economia do município, naquela época baseada na agricultura. “Uma cidade que em poucas décadas montou um complexo industrial e que hoje produz tudo ligado ao vestuário, desde o tecido até o design”, pontua.
Segundo o prefeito, o setor buscou ao longo dos anos equipamentos, tecnologia e treinamento de mão de obra para construir a cadeia produtiva do vestuário em Apucarana, que hoje é referência no Paraná e no Brasil. Junior da Femac afirma que a administração municipal atua para apoiar o segmento, com o desenvolvimento de programas, como o Portas Abertas e o Brasil Mais, além da coleta de resíduos têxteis e apoio às iniciativas do setor, como o Apucarana Fashion.
“Temos orgulho da tecnologia empregada nas indústrias de vestuário de Apucarana e da qualidade das roupas produzidas aqui”, reforça, destacando que “Apucarana produz vestuário e faz a moda paranaense acontecer”.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia), Wanderlei Faganello, também destaca a importância do setor para a economia apucaranense, ressaltando o papel do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana (Sivale) e do APL Bonés. “Esses resultados mostram o poder e a estrutura que uma governança têm para transformar e potencializar uma matriz econômica numa cidade”, afirma.