Apucarana inicia protocolo para obter Indicação Geográfica do café

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 18/04/2024
Carlos Bovo, presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana

Os cafeicultores de Apucarana, no norte do Paraná, deram início ao protocolo para obtenção do registro da Indicação Geográfica (IG) do café. A primeira reunião foi realizada na quarta-feira (17) na sede da Cooperativa dos Cafeicultores do Pirapó (Coocapi) e contou com palestra de um especialista do Sebrae e representantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Ao todo serão realizadas onze reuniões com instruções teóricas e técnicas de como produzir cafés especiais até a concessão do selo do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) que deve sair no próximo ano.

Segundo o presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana, Carlos Bovo, a segunda reunião deve ocorrer no prazo de 30 dias. “Este selo não é obtido de uma hora para outra. Existe todo um processo com reuniões com especialistas que darão embasamento teórico e técnico aos cafeicultores. Serão muitas atividades para que os produtores estejam cientes do que este selo significa”, afirma.

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Bovo salienta que a patente elevará o valor do café para o produtor, além de blindar o produto, impedindo que outras pessoas usem o nome da cidade para divulgar produtos cultivados em outras regiões. “Além do solo altitude e clima, nosso café é um dos melhores cafés do mundo. Temos um café especial, com notas florais, sabor achocolatado, características que renderam vários prêmios aos nossos cafeicultores. Então Apucarana é sempre premiada entre as quatro regiões do Café Qualidade Paraná”, afirma.

O projeto de indicação geográfica de Apucarana foi apresentado em maio de 2023. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as Indicações Geográficas (IG) desempenham um papel fundamental na preservação da autenticidade, da tradição e da qualidade desse grão tão querido pelos brasileiros. No universo do agronegócio, as IGs são ferramentas bastante utilizadas para valorizar os produtos e os itens produzidos em determinadas regiões do país. O mecanismo visa agregar valor a esses bens e proteger a região produtora, enaltecendo as peculiaridades de cada local.

No caso do café, as Indicações Geográficas reconhecem a sua “personalidade” conforme a influência da localidade de cultivo. São características sensoriais únicas das sementes. Cada lugar empresta as suas particularidades ao produto final, resultando em uma rica tapeçaria de sabores, aromas e perfis de corpo. O café no Brasil é detentor do maior número de IGs, com um total de 14.

Dois tipos de indicações

As indicações são divididas em dois diferentes tipos, segundo a Lei da Propriedade Industrial. O primeiro deles é chamado de Indicação de Procedência, responsável por valorizar a tradição produtiva e o reconhecimento público de que os alimentos originários de determinado local possuem uma qualidade diferenciada. Ou seja, a área é especificamente conhecida pela produção, extração ou fabricação do produto em questão.

Já o segundo é intitulado de Denominação de Origem. É utilizado para atestar que os artigos produzidos possuem características exclusivas agregadas pelo território. Define que uma certa localidade influenciou na qualidade e nas propriedades do resultado, seja por meio de fatores naturais ou humanos.

Exemplos de indicações

A concessão do registro de Indicação Geográfica é aplicada a produtos ou serviços que apresentam características distintivas do seu local de origem. Isso confere a eles reconhecimento, valor essencial e identidade singular, ao mesmo tempo em que os diferencia de produtos ou serviços semelhantes disponíveis no mercado. Conheça alguns exemplos:

Cerrado Mineiro: é marcado pela produção de cafés de aromas intensos, acidez cítrica e sabor achocolatado de longa duração. Atualmente, graças a um trabalho dedicado, diversos produtores e produtoras da região têm apresentado cafés premiados, com perfis sensoriais complexos e surpreendentes. Despontou como um expoente na cafeicultura por conta da topografia plana, o que viabilizou a mecanização das lavouras, e as condições favoráveis de clima e solo. Vale destacar também o trabalho voltado à sustentabilidade com propriedades dedicadas à agricultura regenerativa.

Caparaó: localizada na divisa entre o Espírito Santo e Minas Gerais, a área abrange as imediações do Parque Nacional do Caparaó. Devido às influências de fatores naturais e humanos, as características do café produzido na região incluem uma fragrância e aroma altamente complexos. Além disso, se manifestam por meio de notas que lembram chocolate, caramelo, melaço de cana, açúcar mascavo, rapadura, mel, frutas amarelas, especiarias doces e picantes, baunilha, castanha, amêndoas, além do floral distinto de rosas ou jasmim. O sabor, suave e intensamente doce, perdura no paladar, acompanhado por uma sutil e cítrica acidez da laranja.

Essas são só duas das 14 Indicações presentes no Brasil, atestado da enorme diversidade de grãos que o país possui. Além do sabor, esses produtos também contam com rastreabilidade, ou seja, o consumidor pode ter acesso a todo histórico de produção, garantindo sua originalidade e procedência.