A audiência pública convocada pela Câmara de Vereadores para discutir a segurança pública em Apucarana (PR), principalmente a situação dos moradores de rua, na noite desta quarta-feira (23), colocou frente a frente diferentes pontos de vista em relação ao problema na cidade. Representantes da sociedade cobraram maior segurança, enquanto moradores de rua puderam falar e reclamaram de opressão e violência policial. A audiência pode ser vista na íntegra aqui.
-LEIA MAIS: Apucarana é a cidade do PR com mais registros de incêndios ambientais, dizem bombeiros
O evento contou com a presença de representantes do Legislativo, Executivo, Ministério Público (MP), Judiciário, forças de segurança pública, entidades representativas da cidade, moradores de rua e população em geral, que lotou as dependências da Câmara.
O delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP), Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, classificou o problema como "complexo" e citou como fatores que influenciam no assunto a falta de renda, abandono familiar, alto consumo de drogas e de bebidas alcoólicas e problemas psiquiátricos, entre outros aspectos.
“É uma infinidade de problemas sociais. Por isso, essa missão não pode ser atribuída única e exclusivamente às forças de segurança. Na verdade, o enfrentamento demanda ações multifacetadas e multissetoriais, abrangendo todos os segmentos da sociedade”, disse.
Cristiane Oliveira Silva, da Câmara da Mulher Empreendedora, relatou os desafios do comércio, com o aumento dos furtos e também de assédio de moradores de rua. “Desde o começo do ano nós estamos tendo um índice fora do comum de crimes. Não é fácil chegar no nosso comércio e encontrar as vidraças quebradas e produtos furtados”, diz.
O promotor Gustavo Marcel Fernandes Marinho, do Ministério Público (MP-PR), saiu em defesa dos policiais de Apucarana. “A polícia sempre é criticada, mas, quando o calo aperta, a gente liga para o 190”, disse.
Segundo ele, a polícia “faz um trabalho fenomenal em Apucarana”. “Se hoje a gente ainda tem um nível aceitável de segurança, é porque temos inúmeros policiais dedicados. É evidente que excessos ocorrem e merecem ser combatidos, mas, via de regra, o que vejo são policiais preocupados com a segurança da população”, disse.
Cléberson Xavier da Silva, que é conhecido por viver na rua em Apucarana, pediu a palavra. Ele reclamou da violência policial e também do preconceito da população. “Não somos bicho”, disse.
Ana Paula de Oliveira Moraes também falou em nome dos moradores de rua. Transexual, ela admitiu ser usuária de drogas e ter passagens policiais, e também reclamou da violência policial.
Kethlin Domingues Viana, que trabalha com arte circense nas ruas, foi mais uma a reclamar do que chamou de “opressão”. Ela relatou casos de violência policial. “Estou cansada de opressão”, completou.