Um aluno da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) publicou um relatou em suas redes sociais denunciando um ataque homofóbico que sofreu nas dependências do campus de Apucarana, norte do estado. A direção do campus disse que repudia esse tipo de conduta e que dará o encaminhamento legal para a solução do problema dentro do campus.
Em seu post no Instagram, o aluno do curso de turismo e negócios, Gabriel Miguel da Silva, de 21 anos, relata que estava em uma fila para comprar pipoca quando ouviu palavras ofensivas do comerciante que vendia o produto. O estudante conta que o homem ficou incomodado com sua risada e ainda o ameaçou com uma com uma faca. A situação foi registrada na quarta-feira (12) à noite.
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“Eu estava na fila da pipoca e dei risada com minha amiga, e o tiozinho da pipoca disse para eu parar de dar risada de sarcasmo que ele não gostava de gente debochada. Isso que nenhum momento eu direcionei alguma palavra com ele. E depois ele disse se eu continuasse olhando para ele, ele iria me esmurrar. Depois me xingou de bichinha e viadinho e me ameaçou com uma faca. E ele realmente pegou uma faca para me esfaquear”, relata.
De acordo com a vítima, pessoas que presenciaram a violência contra o jovem repreenderam a ação do comerciante. Gabriel ressalta que essa foi a primeira vez que sofreu homofobia e que a primeira atitude foi procurar o Centro de Educação em Direitos Humanos (CEDH) para relatar o ocorrido. (Veja o vídeo).
Em conversa com o TNOnline, Gabriel informou que outras pessoas relataram em uma página criada para denúncias no ambiente universitário, que esse mesmo comerciante teria feito comentários homofóbicos, racistas e transfóbicos e que algumas falas foram gravadas. "Eu espero que a Justiça seja feita e que a universidade se posicione em relação a isso, tanto que eu descobri que o comerciante não tem documentação, alvará ou qualquer tipo de licença para atuar dentro da Unespar, ou seja, ele é um estranho ali dentro. Quero que a universidade tome as devidas providências para que isso nunca mais aconteça com outras pessoas", desabafa.
Confira o relato de Gabriel na íntegra:
"Hoje, 12 de abril, sofri um ataque homofóbico dentro da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR, o dono do carrinho de pipoca usou de palavras de baixo calão para me ofender, além de pegar uma arma branca para me ferir. As pessoas que estavam ao me redor repreenderam a ação dele.
Os professores responsáveis pelo CEDH já estão sabendo de tudo e atitudes cabíveis serão tomadas. Lembrando que tudo isso começou através de uma risada! Eu não retruquei ele em nenhum momento, somente procurei auxílio sobre toda a situação no campus!
Gostaria de expressar minha gratidão a todos, a coordenação e os professores do colegiado de turismo que se colocaram à disposição para me auxiliar no que for necessário.
Edit 1: algumas pessoas estão querendo arrumar desculpas para tal atitude do “agressor” e isso não vai colar! Eu vim de quebrada e esse discursinho esfarrapado eu estou cansado de escutar, a vida toda, escutei isso, já estou mais do que acostumado com tais falas e argumentos, por isso que a minha única atitude foi procurar os órgãos responsáveis, pois eu bem sei que qualquer palavra que saísse da minha boca eu sairia como culpado! E eu quero um pronunciamento da direção e reitora da @unespar @unespar.apucarana marquem eles!"
O QUE DIZ A DIREÇÃO
O diretor do campus da Unespar Apucarana, Daniel Fernando Matheus Gomes, esclarece que o comerciante não tem relação direta com a universidade. Trata-se de um vendedor ambulante que comercializa pipoca há mais de 35 anos em frente à instituição de ensino.
“A universidade não será omissa. Conversei com o Gabriel e ele foi orientado sobre como proceder a respeito dessa situação. Ele vai registrar um boletim e ocorrência na Polícia Civil e anexar o documento a à denúncia que será registrada na ouvidoria da Unespar. Quando essa denúncia chegar às minhas mãos darei o encaminhamento legal para a solução do problema dentro do campus”, assinala.
Como medida preventiva, a direção solicitará que o comerciante suspenda o atendimento no local temporariamente até o campus ser notificado oficialmente. Gomes ressalta que a Unespar é totalmente contrária a esse tipo de conduta homofóbica e que possui uma estrutura justamente para evitar esse tipo de ataque.