Começa em setembro e vai até dezembro a “alta temporada” de reformas e ampliações na área da construção civil. O movimento costuma crescer nas lojas de materiais de construção nesta época. Quem está planejando iniciar as obras neste final de ano, no entanto, vai encontrar preços altos mais uma vez.
Com o início da pandemia de covid-19, os custos da construção dispararam. O valor da maioria dos insumos dobrou entre 2020 e início de 2021. Além da pandemia, a guerra na Ucrânia repercutiu no mercado, já que muitos produtos são importados. A maior alta foi no preço nas ferragens, com aumento na casa de 150%. Madeiramento, argamassas, fiação de cobre, material hidráulico, cerâmica, entre outros, não ficaram muito atrás, com aumentos acima de 100%.
A tendência de alta continua, no entanto, os valores estabilizaram na maioria dos insumos, principalmente da construção básica, como areia, cimento e pedra brita.
Gerente de uma loja do setor em Apucarana, Daniele Cristina de Souza afirma que os preços “estacionaram”, mas também não houve quedas consideráveis. “Nos últimos meses percebemos que os valores não estão subindo na maioria dos insumos, mas ainda há casos de altas, como no material hidráulico e nas louças sanitárias”, afirma.
Ela cita que alguns insumos baixaram. É o caso das ferragens. No entanto, esses produtos tiveram altas muito expressivas em 2020 e 2021, dessa forma, a redução não tem tanto impacto.
Segundo Daniele, o aumento de preços ocorreu por vários motivos por conta da alta dos custos de produção e também por questões do mercado internacional.
Daniele espera, mesmo assim, crescimento nas vendas a partir de setembro, uma época tradicionalmente aquecida nesse ramo.
Responsável pelo setor de compras de uma rede de materiais de construção reforça essa tendência. Segundo ele, os preços estão em fase de acomodação, com altas pontuais em alguns insumos e quedas em outros, como é o caso dos produtos originários do aço.“O aumento dos preços gerou uma queda de movimento de até 20%. A gente espera que os consumidores, que estavam segurando os investimentos em reformas ou no início de obras, voltem”
- Daniele Cristina de Souza, gerente
Além do frete nacional, que está alto, o frete internacional também aumentou muito, principalmente da China, origem de muitos produtos, principalmente na área hidráulica, o que ainda está encarecendo os preços praticados.
Apesar dos preços, setor está aquecido
Empresário do ramo de construção civil, José Francisco Doniak também afirma que o momento é de estabilidade após uma disparada de preços entre 2020 e 2021. “Alguns insumos estão baixando de preço, como o tijolo e o aço recuaram. No geral, a maioria estabilizou agora. O problema foi no auge da pandemia, que a maioria dobrou de valor, mas ficou no mesmo patamar”, diz.
Ele observa que muitos produtos são importados, sofrendo influência do valor do dólar. No caso da areia e da pedra frita, o frete é decisivo no valor. Como o diesel não baixou – como ocorreu com a gasolina – não houve redução significativa nos preços.
Nesse contexto, a mão de obra também fica mais cara. O trabalho dos profissionais representa entre 47% e 48% do custo da obra. “Hoje, o metro quadrado da construção civil, no padrão médio, custa entre R$ 2,8 mil e R$ 3 mil em Apucarana”, afirma Doniak.
Apesar dos preços, o ramo da construção civil está aquecido, com carência de mão de obra na cidade. Segundo o empresário, as empresas que atuam na construção de conjuntos residenciais acabaram beneficiadas pela política de subsídios dos governos estadual e federal, que diminuíram os impactos nas “entradas” que cada novo mutuário precisa dar na casa própria financiada. “Isso favoreceu a retomada das obras públicas, mas no auge da pandemia muitas construtoras tiveram que realinhar os projetos com as prefeituras por conta do aumento dos custos”, observa.
Por, Fernando Klein