Advogado de Apucarana nega irregularidade em negociação de fazenda

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 08/03/2023
Cirineu Dias diz que não é acusado em denúncia no caso envolvendo José Rainha

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (8), o advogado Cirineu Dias, de Apucarana, negou qualquer irregularidade nas negociações de compra de uma fazenda em Rosana (SP), que foi invadida por integrantes do movimento sem-terra Frente Nacional de Lutas (FNL). Ele foi citado em depoimento pela dona da propriedade, que denunciou pedido de propina de R$ 2 milhões do líder do FNL, José Rainha Júnior, para liberar a área. José Rainha acabou preso por decisão da Justiça de São Paulo por conta dessa suposta extorsão. Veja vídeo abaixo

No depoimento, a fazendeira Maria Nancy afirmou que o advogado Cirineu Dias teria a procurado para comprar a fazenda e a aconselhado a pagar o valor da extorsão a José Rainha antes de qualquer negociação. A informação foi divulgada inicialmente pela CNN e pelo site Metrópoles.

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O advogado desmente a versão da fazendeira e o conteúdo das matérias divulgadas nacionalmente. “Houve distorção da matéria. Vou entrar na Justiça contra a CNN e também contra a dona da fazenda, porque ela deu um depoimento mentiroso”, disse o advogado, que também é fazendeiro.

Ele afirma que estava negociando a propriedade em São Paulo antes da invasão dos sem-terra, que ocorreu em 2021.  O advogado esclarece que a fazenda é formada por terras devolutas da União, que acabaram repassadas a fazendeiros pelo governo estadual de São Paulo, o que deu início a um imbróglio jurídico. Muitos anos depois, segundo o apucaranense, o movimento sem-terra conseguiu anular judicialmente essas negociações do governo paulista. 

Para tentar regularizar a situação, o Estado de São Paulo aprovou recentemente, ainda segundo Cirineu Dias, um projeto autorizando a posse aos fazendeiros das propriedades de até 450 hectares – a fazenda citada na denúncia, conforme ele, tem 493 hectares.

“Então, eu fui negociar com o ‘Zé Rainha' para que eles (os integrantes da FNL) saíssem da propriedade. Propus - se eu comprasse - doar  20 alqueires para os sem-terra (50 hectares) e, assim, eles me entregariam o resto da fazenda. Dessa forma, a propriedade ficaria com menos de 450 hectares e seria possível regularizá-la junto ao governo de São Paulo”, explica.

Segundo o advogado, o líder dos sem-terra ficou de convocar uma assembleia da FNL para votar a proposta dele. Cirineu Dias nega que José Rainha tenha pedido propina. “A dona da fazenda sabia que eu ia negociar (com José Rainha). Eu não tinha nada a esconder, tanto é que tirei foto com o José Rainha e publiquei nas redes sociais”, conta. 

O advogado contesta a versão de que ele foi atrás da dona da fazenda, mas diz que ela o procurou insistentemente para negociar, inclusive o procurando na fazenda dele em Rosário do Ivaí. “Ontem mesmo (terça-feira), ela me ligou para saber se eu ainda queria comprar a fazenda”, observa. 

Cirineu Dias acrescenta ainda que nos autos, em mais de 700 páginas, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) o cita apenas como testemunha, assim como o corretor de terras da fazenda. 

Ele cita um trecho da argumentação do promotor do caso, que afirma que “ao que consta nos autos de investigação, Cirineu Dias e Tiago (corretor) não eram parte da organização criminosa, mas tentavam participar das negociações, porque Cirineu tinha interesse na compra da propriedade, mas para isso teria que estar negociação da desapropriação”. "Ou seja, eu não sou réu e não estou sendo processado", afirma o advogado. 

ENTENDA 

O  nome de Cirineu Dias foi citado no depoimento de uma das supostas vítimas de extorsão do líder do movimento Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha Júnior.  

José Rainha está preso desde o último sábado (4) por suspeita de extorquir fazendeiros no interior de São Paulo. Ele é suspeito de cobrar até R$ 2 milhões para devolver uma fazenda invadida pelo grupo de sem-terra em 2021.  Além de José Rainha, também fariam parte do esquema o coordenador nacional da FNL, Luciano de Lima, e uma terceira pessoa identificada como Cláudio Ribeiro Passos, o “Cal”. Os três estão presos em São Paulo. 

A fazenda citada na denúncia pertence a Maria Nancy, de Rosana (SP). Ela disse em depoimento, segundo o inquérito obtido pelo Metrópoles, que foi procurada após a invasão pelo advogado Cirineu Dias, que manifestou interesse em comprar a propriedade.

José Rainha e os demais citados também negam irregularidades e desmentem a fazendeira.

Cirineu Dias afirma que não é citado em denúncia do MP e da Polícia e que vai processar fazendeira que citou seu nome. TN ONLINE