Por causa das férias e festas de Natal e Ano-Novo, o abandono de animais vira um problema a cada final de ano. Em Apucarana, a situação não é diferente. O número de cães deixados pelas ruas aumenta e gera alerta das entidades e órgãos ligados à causa animal.
Andreia Sorpilli, presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Apucarana (Soprap), afirma que a prática começa a partir do final de outubro. “Muitas pessoas saem para viajar e acabam abandonando os animais, infelizmente”, afirma. Segundo Andreia, a Soprap mantém atualmente cerca de 40 cães e 10 gatos em lares temporários.
"A gente não consegue dar conta sequer dos animais de rua e também precisamos lidar com esses cães que têm tutores. Recebemos nessa época do ano muitas ligações. São pessoas que ligam e comunicam que não vão ficar com os animais e pedem que a gente se vire. Para elas, o bichinho vira um incômodo", diz.
A presidente da Soprap assinala que falta conscientização de muitas pessoas. "É preciso se preparar para ter um animal de estimação, desde psicologicamente até financeiramente", assinala.
João Pedro Correa, diretor do Centro Municipal de Saúde Animal (Cemsa), de Apucarana, também faz um apelo contra o abandono de animais. Segundo ele, cães, principalmente, são deixados em "carreadores" de sítios e lugares mais distantes pela maioria das pessoas, que tentam fugir das gravações de câmeras de segurança no perímetro urbano. “Abandono de animais é tipificado como crime de maus-tratos pela lei 023/2021 e o responsável pode ser responsabilizado criminalmente, com pena de 2 a 5 anos”, comenta.
João Pedro, que é médico-veterinário, afirma que não há justificativa para esse tipo de comportamento. “As pessoas que vão viajar podem pedir para amigos ou familiares cuidarem dos animais ou mesmo encaminhar para hotéis especializados nesse tipo de serviço”, diz.
Ele explica que o Cemsa, que deixou de funcionar como canil em abril de 2021 e hoje atua como centro de saúde animal, apenas resgata animais com problemas de saúde. No caso de cães e gatos saudáveis, o encaminhamento para adoção é feito por ONGs.
Atualmente, o Censa abriga 170 cães e 85 gatos, que estão disponíveis para adoção após tratamento. Segundo o Censa, uma média de três animais é resgatada diariamente após atropelamentos, bicheiras e outros problemas médico-veterinários.
O número de registros de maus-tratos segue alto, embora tenha caído em 2022. Foram 642 atendimentos no ano passado ( 53 por mês, em média) contra 470 neste ano até agora (40 por mês, em média).
Por Fernando Klein