Você se lembra da boneca Momo? É impossível esquecer da sua imagem. A Momo tem olhos saltados, uma boca exageradamente grande e curvilínea, e cabelos pretos e lisos. No ano passado, imagens da escultura do artista plástico japonês Keisuke Aiso, aterrorizaram crianças e deixaram os pais em estado de alerta com desafios que exigiam que os menores de idade se machucassem ou ferissem amigos e familiares. Recentemente, o personagem parece estar de volta infiltrado em vídeos infantis, gerando novo alerta sobre os riscos e a insegurança da internet.
A esteticista e empresária Kelly Neves, 30 anos, de Apucarana, é mãe do estudante João Gabriel Orathes, 9, e conta ter passado por maus momentos no ano passado devido à repercussão da boneca Momo. “Eu havia me separado e achei que dando um smartphone para o João, ele iria se distrair e esquecer um pouco o que estava acontecendo em nossa família. Porém, foi neste período que ele teve sérios problemas”, recorda.
Através do celular, João acabou navegando pelo canal de um youtuber famoso, que mostrava formas de entrar em contato com a boneca Momo pela internet. “Nunca pensei que teria algum perigo neste canal. No entanto, descobri depois, com ajuda de professoras da escola do João, que o youtuber falava para os expectadores que se alguém conseguisse falar com a Momo, apareceria em seu canal”, conta.Como o garoto usava o celular de Kelly também, ela começou a receber mensagens estranhas falando da boneca.
“Depois que a diretora da escola me chamou para conversar, comecei a perceber que no meu celular haviam mensagens estranhas, mas não eram bem um e-mail, era um site estranho, falando sobre realizar desafios”, lembra. Os desafios incluíam “trolagens” com a mãe, ficar embaixo d’água por diversos minutos, distribuir imagens da Momo pela escola e agredir um colega do colégio. “Ele tentou cumprir todos os desafios e foi quando a escola descobriu”, conta.
O estudante e os pais foram para a psicóloga fazer terapia. “A profissional ajudou muito a gente a superar essa fase ruim. Quem também nos ajudou muito foi a equipe da escola e a pastora da nossa igreja. Fomos também até a polícia para tentar descobrir alguma pista, mas não conseguimos identificar o emissor das mensagens. Não sei o que poderia ter acontecido”, comenta.
SUSTO
Outra mãe que teve problemas com a imagem da Momo, foi a bancária Josiele Mihara Archilla, de Apucarana. “Meu filho Matheus, de 4 anos, assiste de vez em quando desenhos, como Baby Shark no celular. Por isso, como forma de prevenção, resolvi falar e mostrar para ele a boneca Momo”, conta.
Josiele conta que apenas falou para ele que essa boneca às vezes aparecia no meio do desenho e que poderia conversar com ele e pedir para ele fazer coisas que não eram legais de fazer e que poderiam machucá-lo. E, que caso ela aparecesse, era para o menino imediatamente ir falar para os pais.“Tentei falar com jeitinho para não o assustar, nem o traumatizar. Porém, ele ficou horrorizado. Ficou com medo de dormir sozinho e não quis mais assistir desenho no celular. Não podemos nem tocar no nome da boneca Momo aqui em casa”, destaca.