A umidade relativa do ar em Apucarana e região tem se mantido em níveis alarmantes nos últimos dias. Com a falta de chuvas, os índices têm ficado em torno de 25%. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ambientes abaixo dos 30% são considerados de risco, com grande propensão ao desenvolvimento de doenças. Crianças estão entre os mais afetados pelo tempo seco. Em Apucarana, a demanda de atendimento no Centro Infantil cresceu entre 50% e 60% por conta do clima.
O tempo seco agravou dores na garganta e ouvidos de Miguel, de um ano. Filho da dona de casa Jéssica do Santos, de Apucarana, ele apresentou também febre. A mãe levou a criança ao médico duas vezes nesta semana e ainda mantém alguns cuidados em casa. “Estou fazendo limpeza dos ouvidos com soro e a médica já alertou que a baixa umidade está piorando os sintomas”, conta a mãe.
A aposentada Vera de Oliveira também está em alerta por causa de uma possível sinusite da filha Luiza Maria, 4 anos. “Ela vem reclamando de dor na região no nariz e a médica pediu um raio-x para descobrir o que é. A Luiza começou a tomar antibiótico na quarta-feira (18). Esse tempo seco piora os sintomas”, explica Vera.
Outra mãe que está em estado alerta é a dona de casa Erica Fernanda da Silva. A filha Alice, de 9 meses, está com o nariz escorrendo e catarro, além de inchaços na região do pescoço. “A médica disse que a baixa umidade colaborou com a inflamação do ouvido e da garganta”, afirma Erica.
“O frio, a baixa umidade e maior concentração de poluentes são fatores que aumentam os problemas respiratórios”, explica a enfermeira Ângela Maria Teixeira Azevedo de Campos, do Centro Infantil Sonho de Criança.
Angela explica que o clima interfere diretamente na procura por atendimento de saúde. Atualmente, a clínica tem recebido entre 110 e 120 crianças diariamente. “É um movimento 50% a 60% maior, tanto que reforçamos o atendimento com mais um pediatra para dar conta da demanda”, comenta.
Dicas
A enfermeira dá dicas para o pais ou familiares para que mantenham as crianças hidratadas e a casa sempre bem ventilada e arejada. “Procure sempre lembrar a criança de tomar água. Até a gente toma menos líquido neste período frio. Brinco sempre falando que devemos ter sede por eles. Outro ponto importante, é manter sempre os ambientes de casa arejados para que não acumulem poeira e ácaros, que podem agravar os problemas respiratórios”, explica.
Simepar não tem previsão de chuva
De acordo com Ana Beatriz Porto, meteorologista do Instituto Simepar, a baixa umidade relativa do ar é causada por um fenômeno que já se arrasta desde abril. “A pouca incidência de chuvas nos últimos meses leva a essa baixa umidade na região norte do estado. Não há, nos próximos dias, previsão de chuvas”, diz.
Segundo ela, massas de ar secas e quentes, vindas do sudeste e do centro-oeste, fazem com que as temperaturas se mantém altas. “Uma frente fria é esperada para este final de semana. Ela deve provocar queda nas temperaturas, mas não é forte o suficiente para provocar chuvas”, diz. Apucarana não registra chuvas há 37 dias.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade relativa do ar para o organismo humano fica entre 40% e 70%.
Quanto mais quente o ar nos períodos nos períodos de longa estiagem, menor a umidade do ar. O horário crítico, em geral, ocorre entre 15h e 16h. Quando o nível cai para menos de 30%, os prejuízos para a saúde se tornam mais evidentes