O número de mulheres integrando as forças de segurança na região tem crescido nos últimos anos. São pelo menos 79 policiais militares, bombeiros e guardas municipais femininos atuando no Vale do Ivaí e municípios vizinhos. Por ser um fenômeno ainda relativamente recente, elas afirmam que ainda há problemas que precisam ser enfrentados para que o tratamento seja igualitário, tanto dentro quanto fora dos quartéis.
No 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Apucarana, que abrange 12 municípios, a primeira policial militar feminina entrou na corporação apenas em 2002, transferida de outra unidade do estado. Atualmente, são 34 mulheres lotadas, número 36% maior do que há três anos, quando foi iniciada a última Escola de Soldados, que ajudou a ampliar o quadro. O comandante da unidade, major Roberto Cardoso, afirma que é extremamente positivo o avanço no número de policiais femininas.
“A presença maciça de homens nas forças policiais se dá por uma forma de atuação da polícia de anos atrás, que não mais condiz com a atualidade. A mulher, ao longo do tempo, tem ganhado cada vez mais espaço em todos os setores da sociedade e a PM está acompanhando esta evolução da sociedade. Hoje, a presença feminina é essencial, até para resguardar a integridade de pessoas abordadas em ações policiais. A PM do Paraná não se vê, hoje, sem as policiais”, destaca.
Ele lamenta ainda haver preconceito com relação ao trabalho feminino. “As mulheres dentro da corporação têm os mesmos direitos, deveres e responsabilidades. Até porque, atualmente, o Comando-Geral da PM é ocupado pela coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha. Apesar disso, sabemos que, por conta de um problema cultural da nossa sociedade, infelizmente algumas pessoas ainda olham com desconfiança para a atuação feminina. Este é um problema que acredito que está sendo superado até de forma acelerada, mas ainda deve levar algum tempo até ser totalmente sanado”.
Uma das mulheres que integram o 10º BPM é a soldado Geise Sorci Barbosa, que entrou na corporação em 2006, junto a outras 13 policiais. “Aquela foi a primeira escola do nosso batalhão a admitir mulheres. Me lembro que, até que os próprios colegas se acostumassem conosco, demorou um tempo. Muitos achavam que não éramos capazes, mas a situação já melhorou bastante. O principal preconceito que ainda recebemos vem de fora do batalhão, quando realizamos ações nas ruas”, diz.