Falta de psicólogo ‘trava’ investigações na Delegacia da Mulher em Apucarana

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 16/02/2018
Falta de psicólogo ‘trava’ investigações na Delegacia da Mulher em Apucarana - Foto: TNONLINE​

Com apenas uma psicóloga realizando trabalho voluntário, a Delegacia da Mulher de Apucarana sofre para dar prosseguimento a investigações de abuso infantil. Laudos do especialista são essenciais para o andamento do caso, que muitas vezes depende deste documento para basear o trabalho da Polícia Civil. O órgão estima que quase 50 casos estão parados pela falta do profissional.

De acordo com a delegada da unidade, Luana Lopes, o trabalho do psicólogo é necessário em 100% dos casos envolvendo violência sexual contra menores de idade. “Além de Delegacia da Mulher, nós também atuamos como Núcleo de Combate a Crimes Contra Crianças e Adolescentes (Nucria).

 O problema é que alguns atos libidinosos não deixam vestígios que possam ser identificados em exames de corpo de delito. Nestes casos, a avaliação psicológica é essencial. Sem este laudo, o inquérito fica estagnado”.A delegada diz que a psicóloga que atua na delegacia não consegue dar conta de todos os casos. 

“Temos um profissional que nos auxilia sem receber nada em troca. É um trabalho de extrema importância e que nós agradecemos muito. Tanto é que há anos a Delegacia da Mulher busca oficializar o trabalho desta psicóloga no intuito de remunerá-la, mas infelizmente não possuímos recursos que possam ser destinados para esta finalidade”.

Em 2017, 41 inquéritos de de violência contra menores de idade - muitos ainda em aberto -  foram abertos pela Delegacia da Mulher de Apucarana. O número é 95% superior do que o registrado em 2016, que fechou com 21 investigações. 

“Em boa parte dos casos, as vítimas se mostram confusas, principalmente por serem ainda muito jovens. Infelizmente nós temos vítimas aqui com três, quatro anos de idade. Só mesmo através do psicólogo para entendermos realmente o que aconteceu”, ressalta a delegada.

Segundo ela, a falta do profissional prejudica não apenas o trabalho policial, mas as vítimas. “É bom salientar que o laudo não é feito apenas com um atendimento. São necessários vários atendimentos e, em muitos processos, a psicóloga é chamada para ser ouvida no julgamento. É um trabalho complexo e muito necessário”, aponta Luana.Segundo ela, um convênio com algum outro órgão seria a melhor saída para o problema. 

“Sabemos que existem órgãos no nosso município que dispõem de atendimento psicológico, mas infelizmente estes profissionais não podem nos ajudar sem que seja firmado este convênio, tendo em vista o sigilo entre profissional de saúde e paciente”.