2 de abril: Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Autor: Da Redação,
domingo, 02/04/2017
Andrew Barcellos-Hill, de 14 anos, foi diagnosticado com autismo leve há dois anos. Foto: Tribuna do Norte

Dono de um repertório linguístico singular, Andrew Barcellos-Hill, de 14 anos, foi diagnosticado com autismo leve há dois anos. Observador, o adolescente, que nasceu em Toronto, no Canadá, faz questão de falar somente quando algo é perguntado diretamente a ele ou faz colocações quando algum dado foge à memória da mãe, a jornalista Cláudia Barcellos, de 53 anos.

Quem não conhece o diagnóstico de Andrew acha que é apenas mais um adolescente tímido. Porém, a mãe faz questão de explicar o comportamento do filho, que tem como regra a rotina, e como chegou ao diagnóstico, o que faz com que Andrew seja melhor compreendido em alguns ambientes, como o escolar.Na infância, a mãe observa que o filho demorou mais que o esperado para desenvolver a fala. O argumento do médico da família na época era que a dificuldade era natural em crianças bilíngues. 

Andrew fala inglês fluente com o pai Terry Hill, de 73 anos, que não tem domínio da língua portuguesa. “Português é só para quem é inteligente”, brinca em inglês.Cláudia, que fixou residência em Apucarana há cerca de 4 meses, recorda que o filho sempre apresentou um comportamento único desde os primeiros anos de vida, como verdadeira obstinação por objetos giratórios, entre eles, o ventilador de teto do apartamento e uma turbina eólica, que ficava em Toronto. Hoje em dia, este comportamento não faz mais parte da rotina do adolescente. 

“Diferente das outras crianças, ele não costumava brincar com diversos brinquedos, mas pegava apenas um e passava horas analisando”, recorda.Apesar de ser percebido como uma criança peculiar, a mãe revela que o diagnóstico custou a chegar. Entre as razões estão as próprias habilidades de Andrew, que tem um vocabulário extremamente polido, o gosto pela leitura e interesses por assuntos considerados de adultos, como história, geografia, cultura e política. Mas, como todo adolescente, ele também adora passar horas em frente ao videogame.Por outro lado, a mãe observa que o filho tem baixa lateralidade, ou seja, vive esbarrando nos móveis. 

“O meu dedinho (minguinho) do pé vive doendo”, revela Andrew. Para tentar transpor essa dificuldade, o adolescente pratica atividades esportivas, entre elas, natação.Andrew também tem dificuldade de interagir com outros adolescentes e, consequentemente, fazer amizades. “Eu não consigo ir até ninguém, as pessoas têm que vir até a mim”, revela. Outro detalhe sobre Andrew, é que, apesar de boas notas, não consegue escrever de forma cursiva.A mãe observa ainda que o filho tem dificuldade de organização e realizar diversas atividades ao mesmo tempo, inclusive tarefas de diversas disciplinas no mesmo dia. 

“Recentemente, ele deixou de fazer uma atividade e teve a atenção chamada na frente dos colegas de sala, o que provocou uma crise emocional. Eu liguei na escola e expliquei o diagnóstico novamente. Por isso, o diagnóstico é importante porque te dá argumento”, revela.O que Cláudia não esperava da direção do Colégio Estadual Cerávolo era a receptividade com o tema. Nos próximos dias, alunos e professores vão participar de palestras sobre autismo, como forma de conscientização.