Candidata ao governo do Paraná pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), Viviane Motta, de 31 anos, quer desmistificar o comunismo no Paraná durante a campanha. Ela defende, principalmente, a criação de uma consciência coletiva sobre os direitos da classe trabalhadora e um “poder popular”, em que as decisões principais sejam tomadas pela população. Assista a entrevista abaixo.
“Peço às pessoas para que conheçam o programa político do PCB, que está nas redes sociais, e foi elaborado pelo conjunto da militância. É importante conhecer e romper essa barreira ideológica de que o comunismo - e o socialismo - é algo ruim, que tira o direito das pessoas da pequena propriedade, do seu carro ou casa. Quem toma carro e casa é o banco. Nós comunistas queremos uma vida que seja boa, gostosa, que seja de igualdade social para aqueles que produzem riqueza no país”, diz Vivi Motta, como é conhecida.
Ela disputa o governo do Paraná pela primeira vez. Natural de Cuiabá (MT), a candidata do PCB atua desde a adolescência como ativista política. Sua primeira ação ocorreu durante as manifestações pelo passe livre estudantil em sua terra natal quando a candidata tinha 14 anos. Formada em Ciências Sociais, ela estuda atualmente Psicologia. Foi também professora de Sociologia na rede estadual de ensino no Paraná.
“A intenção da campanha é demonstrar na prática quais são as reais necessidades da classe trabalhadora paranaense. Nosso objetivo é fazer o debate real e demonstrar que a política não perpassa só a democracia formal de ir votar, mas vai muito além disso”
- Viviane Motta, Candidata ao governo do Paraná
Após passar pela rede estadual de ensino como professora, contratada pelo regime de PSS (Programa Seletivo Simplificado), ela tem uma visão objetiva sobre a educação. “Eu fui professora da rede estadual no regime PSS, que é um regime de contrato sem nenhuma garantia trabalhista. Todo ano é um corre-corre dos professores contratados para conseguir pegar aula”, diz.
O Paraná, segundo ela, tem um déficit de 30 mil professores na educação. A candidata também critica a militarização do ensino, com as escolas cívico-militares. “O processo da militarização coíbe o pensamento crítico, a organização dos trabalhadores dentro do local da escola”, assinala.
Ela também critica o novo ensino médio colocado em prática pelo governo estadual, de forma remota, com uma televisão passando o conteúdo em sala de aula. A candidata afirma que houve um “grande empenho de dinheiro público” destinado ao setor privado para esse novo modelo.
FIM DA PM
O PCB também defende a total desmilitarização dos órgãos de segurança pública, com a implantação de um novo modelo e a extinção da Polícia Militar (PM). “Somos a polícia que mais mata e a que mais morre no mundo. Não dá para dizer que isso deu certo”, diz Vivi Motta.
Segundo ela, a polícia cumpre, a partir de sua estrutura militar, um papel de contenção e criminalização da pobreza. “Para nós, é preciso constituir uma nova forma de políticas públicas que possam resolver demandas sociais, que hoje são caso de polícia, a partir de um marco civil organizado dessa nova estrutura de segurança pública, que seja algo construído pela classe trabalhadora, nos bairros, nas periferias, no diálogo nos locais de trabalho, de moradia e estudo”, completa.
MULHERES
Vivi Motta também defende a importância das mulheres nesse processo de reconstrução política. “Não existe processo revolucionário ou mudança possível para a classe trabalhadora em que as mulheres não sejam protagonistas. Somos mais de 50% dessa classe, mas nós representamos dentro do sistema social e econômico condições estruturais que nos colocam em um grau de exploração e opressão maior do que a dos homens”, analisa.
Segundo a candidata, as mulheres sofrem opressão cotidiana de não conseguir emprego por conta da gestação ou dos filhos pequenos, além da violência sexual e feminicídios. “Um governo que seja para as mulheres trabalhadoras, para nós, precisa desvincular a mulher do trabalho doméstico, que hoje sobretudo é legado para as mulheres. Assim, a gente quer creches públicas em horários estendidos, lavanderias e restaurantes públicos, espaços de socialização de cuidado da vida que não seja espaço privado do lar, e que não limite a mulher de estar em espaços de política, de lazer e cultura”, finaliza. Assista: