Embora as mulheres representem mais da metade da população brasileira, proporcionalmente, na política elas continuam sendo minoria. E a já conhecida cota de gêneros, que estipula em 30% o percentual mínimo de candidaturas para cada gênero (masculino e feminino), parece, de fato, ter sido transformada numa cota de mulheres. Entre candidatos a deputado estadual e a federal, no Paraná, as mulheres representam um terço das candidaturas (33%). Ou seja, a quantidade de mulheres candidatas basicamente é assegurada como forma de garantir a cota de gêneros.
Entre os 628 candidatos a deputado federal no Paraná, as mulheres correspondem a 34,23% da lista, com 215 candidaturas. Já na relação de candidaturas a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado, a quantidade de mulheres está bem mais perto do limite mínimo exigido pela justiça: são 278 mulheres, que representam 31,4% dos candidatos totais, que são 884.
-LEIA MAIS: Região tem 220 pedidos de voto em trânsito para as eleições de outubro
Não à toa, o número de mulheres eleitas é bem abaixo da quantidade de homens que conseguem vencer as eleições. Na Câmara Federal, por exemplo, nas eleições de 2018, 77 mulheres foram eleitas em todo o País, contra 436 homens. Na Assembleia Legislativa do Paraná, o desempenho é ainda pior. Apenas 5 mulheres exercem mandato na atual legislatura, entre os 54 deputados estaduais.
Apesar de baixo, o índice aumentou em relação a 2018, quando as mulheres ocupavam 31% das candidaturas.
Para as eleições desse ano, são três mulheres disputando o governo do Estado: Professora Angela (PSOL), Solange Ferreira Bueno (PMN) e Vivi Mota (PCB) e uma candidata a vice, Eliza Ferreira, na chapa do PDT.
Entre os 10 candidatos ao Senado, três mulheres: Aline Sleutjes (Pros), Eneida Desiree Salgado (PDT) e Cleusa Rosane Ribas Ferreira (PV). Ainda aparecem três mulheres como candidatas a 1º. Suplente e outras três ocupando vagas de segundo suplente nas chapas.
Segundo dados do TSE, no entanto, para as eleições de 2022 foram 9.434 pedidos de registro de candidaturas de mulheres, num total de 33% dos concorrentes em todo o território nacional. O número de mulheres candidatas é 16,5% maior do que em 2018.
As candidaturas de mulheres, embora sejam as maiores da série histórica, ainda são minoria nas chapas para a disputa dos cargos de Executivo. A maior proporção de mulheres nas chapas aparece nos cargos de vice. Elas são 42% das candidaturas de vice-presidente e 39% para vice-governador.
Entre todos os candidatos ao governo nos estados, são 185 homens contra apenas 38 mulheres. Em oito Estados, não há mulheres concorrendo ao governo.
CANDIDATAS ‘LARANJA’
De acordo com a cientista política Maiane Bittencourt, que estuda a participação de mulheres na política e é pesquisadora do Observatório do Legislativo Brasileiro, ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), um dos principais motivos da ainda baixa participação de mulheres na política é a falta de financiamento para a campanha.
Os homens, segundo ela, teriam mais recursos próprios e mais facilidade de obter capital.
Por, Claudemir Hauptmann“A prioridade nos partidos vai para os candidatos que eles acreditam serem mais competitivos, terem mais chances de ganhar e, infelizmente, as mulheres não são maioria nessa lista”
- Maiane Bittencourt, cientista política