Na crise, uma das grandes preocupações é manter o nível da atividade econômica em expansão e, para isso é necessário manter o volume de empregos, recuperar sub-empregos elevando-os a categorias superiores. A outra parte é trabalhar a qualificação para que desempregados, ou sub-empregados construam sua capacidade de entrar para a atividade econômica com qualidade e produtividade. Nos momentos de crise e recessão, empresas e setor público precisam atuar com sintonia afinada, é trabalhar a cooperação e ajustar a coordenação para levantar o nível de atividade econômica, mantendo o volume de empregos, porque um baixo ciclo tende a comprometer ciclos futuros. A manutenção dá estabilidade dos ciclos é fundamental para um processo de crescimento e desenvolvimento econômico duradouro.
Em momentos de dificuldade e recessão, o setor público pode ter de interferir criando frentes de trabalho. Vivemos isso em diversas partes do Brasil na década de 80 e, no Paraná, no período da geada negra de 1975 e, de grandes estiagens que comprometeram a produtividade das economias locais, com forte rebatimento nos ciclos econômicos nesses períodos. Por outro lado, a recuperação salarial ao lado do crescimento do produto, permite que a taxa de consumo possa se ampliar, principalmente nas sedes das regiões metropolitanas. Além disso, a qualificação funcional permite que o trabalhador possa produzir aquilo que o empregador espera, e essa parte da qualificação não pode ser esquecida pelo poder público nem pelas empresas, principalmente as que possuem uma política de melhoria contínua, ela é fundamental para a retomada e manutenção de ciclos vigorosos.
Um trabalhador, produzindo em seu nível médio e recebendo um salário satisfatório, tem a importância de impulsionar até oito novos outros empregos - em atividades afins - considerando seus rendimentos impulsionadores do mercado de consumo, que darão sustentação a produção de outros trabalhadores que produzem sua cesta de consumo. É por isso que a manutenção dos ciclos econômicos é importante para o aprimoramento e turbinamento dos seguintes. Logo, um ciclo ruim de produção pífia levará a outro ciclo ruim ou não tão bom. Quando os ciclos ruins se combinam com desestabilidades político/econômicas a crise se instala e o fundo do poço pode ser pegajoso, é quando ocorre a quebradeira. Por outro lado quando as taxas de desemprego são altas e os setores públicos e privados, por meio da cooperação e coordenação conseguem estimular planos e ações que recuperem a empregabilidade, a adesão dos diversos atores é sempre pronta e com maiores benefícios aos ciclos econômicos.
Colocar a culpa nesse ou naquele agente pela crise não ajuda a solucionar o problema. No âmbito da coordenação interna empresarial, quando se tem instrumentos que não levam a ações com eficazes resultados, substituem-se esses instrumentos por outros, mais avançados e modernos que poderão oferecer melhores resultados no médio e longo prazos. Estamos diante de uma importante questão: é preciso repensar as formas de estabelecer e restabelecer estratégias de desenvolvimento que envolvam a micro e a macroeconomia, estabelecendo prioridades de ações de cooperação e coordenação – com metas e objetivos claros - verificando o que realmente importa, a fim de potencializar resultados e elevar os ciclos de crescimento e desenvolvimento econômico a patamares duradouros, que vençam a crise e tragam de volta os que se foram engolidos por ela.
Sabemos que a qualificação técnica ao lado da coordenação é o ponto chave, também sabemos que a coesão e a cooperação entre os agentes são preponderantes para o sucesso e recuperação de ciclos presentes e futuros. O crescimento econômico e o desenvolvimento se tornam voos cegos, quando a coordenação e a cooperação não caminham juntas. A revisão dos processos, portanto, é necessária e útil tanto na microeconomia do interior da empresa, quanto na macroeconomia, verificando-se a necessidade de reconectar novas inter-relações, de vencer os gargalos de ações e planejamento para a retomada do crescimento. Assim como os empreendedores precisam se planejar para abrir e tocar seus negócios com positivos resultados, micro e macro regiões precisam se planejar de forma conectada, para sair da crise e articular - com novas perspectivas - a promoção do processo de crescimento e desenvolvimento econômico.