A concentração da pesquisa ocorre em larga medida nos grandes centros - até pelas próprias condições estruturais - amparada pela extensa experiência e antiguidade das universidades localizadas nos grandes centros. Não é que seja ruim a concentração. Grupos do interior, porém, têm dificuldades de realizar coisas que possam mudar a realidade. Não dá para pensar que vai ser possível, com reduzidos recursos, em reduzido espaço de tempo, realizar uma descentralização do processo de pesquisa. Em alguns países desenvolvidos, para a facilitação de acessos a pesquisa se concentra em algumas regiões. É como se todas as EMBRAPAS – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - fossem para Curitiba, Londrina, Maringá ou Cascavel (PR) - o impacto regional - a euforia e a movimentação em torno da pesquisa e do aprendizado seriam frenéticas. No Japão, usou-se o sistema Tecnópolis, em torno de Tókio, onde há uma concentração em forma de corredor e esse sistema envolve recursos na gestação de laboratórios, a mesma concentração regional aconteceu em países como EUA, Alemanha e Inglaterra, com a realização de grandes projetos. Funciona satisfatoriamente, mas no mercado universitário, sem intervenção, ou regulação, a tendência é a de concentração.
A inovação é o novo produto, ou processo no mercado, e é o mercado que chancela a inovação em suas transações. Tem-se o risco e se busca financiar a pesquisa, é assim que as empresas veem. Professores e alunos tem a oportunidade de receberem bolsas – auxilio financeiro voltado para o custeio de despesas básicas que possam surgir- assim as universidades são parceiras preferenciais e as empresas não precisam montar, uma estrutura particular de pesquisa e desenvolvimento, e as universidades apresentam suas possibilidades de expertise e contribuições. O espaço é o do Sistema Regional de Inovação, onde as empresas são polos e, as universidades, geradoras de conhecimento. É o modo linear onde a universidade cria, recria e repassa. Lembrando, entretanto, que a regulação é nacional, nem sempre se resolvem problemas próximos e, normalmente, o Sistema Nacional de Inovação (SNI) do nível federal dá a resposta.
Nos anos 90, começa a relação Universidade–Empresas. Em 1994, o CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - cria cinco parques tecnológicos no interior: Santa Maria (RS), São Carlos (SP), Campo Grande (MS), Petrópolis (RJ) e Manaus (AM). Buscou-se promover um destravamento da atividade de interação universidade–empresas. Em 1994, criou-se, também, a associação de apoio as universidades quando a ideia de destravar, seria encontrar uma solução para professores que complementavam seus salários, prestando atendimento às empresas, independente da ligação com a universidade. Outra situação é a utilização - por parte de algumas empresas - dos laboratórios das universidades. Aos poucos, as universidades e as empresas complementando seus conhecimentos, vão promovendo pequenas mudanças, que se vão somando, na dinâmica inovativa. Isso é importante porque é a partir daí que surge a solução dos problemas fundados na técnica e seguindo padrões e paradigmas técnicos.
Após 2004, com a lei de inovação, que atualmente já está presente na maioria dos municípios como Apucarana/PR - semelhante à lei francesa - se dá cobertura legal às práticas inovativas e incentiva transferências de conhecimento para a interação empresa-universidades. São incentivadas transferências de tecnologia e inovação e a criação de novos negócios. No Brasil, tem-se uma estrutura universitária, orientada para a geração de pesquisa, ensino e extensão: a pesquisa é a alimentação e a exploração de novos conhecimentos, que também proporciona a geração de novos produtos e, a extensão é a atuação das universidades na orientação para a solução de problemas da comunidade. Em geral as universidades possuem professores qualificados, com expertise e experiência em suas áreas de atuação, que lhes garantem a possibilidade de prestar importantes suportes de apoio e orientação às empresas e aos diversos setores da sociedade.
Quando a missão do professor se estende por extensas horas, a parte remunerativa ao professor, ou uma remuneração extra, pode vir por meio de uma fundação de apoio, para a criação de novos negócios. Estas são instituições intermediárias que estão no meio do caminho, fazem a tradução entre a linguagem das empresas e da academia, são híbridas nesse sentido. As universidades pequenas, médias ou grandes, quase todas, possuem essas relações. Há os núcleos que estabelecem essas relações universidades-empresas, e se planejam, negociam e geram patentes. Como exemplos, estão as incubadoras, do setor de TIC - Tecnologia de Informação e Comunicação - que atualmente, estão em torno de 387. No Brasil, fizeram-se algumas estimativas do tamanho desse setor. As empresas que saíram graduadas, para atuação no mercado - a média é de 10 a 14 empregados por empresa - cumprem importante papel que é exemplo de empreendedorismo dentro das universidades. Não é só a sala com o nome de incubadora. Ainda assim, entretanto, 20% dos destaques das entrevistas não promoveram inovações significativas e 18% inovam localmente e, de 700 delas, 20% pouco inovam. Tem-se muita produção em ilha, ainda falta integração entre empresas e universidades.
A relação entre universidade e território pode ser entendida como a correspondência entre oferta e procura no mercado de trabalho local e o Sistema Regional de Governança. A opção de gerar cursos novos nas universidades, em geral, vem de dentro delas em cooperação com a sociedade local. Na geração de novas vagas, deve-se ouvir a sociedade e o setor produtivo, é o caso da UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná – com a recente criação do curso de Direito. É difícil, todavia, porque estes quase sempre não possui uma prospecção de suas reais necessidades, porque a medida que os cursos passam a ser implementados, novas necessidades pedagógicas e de infraestrutura podem aparecer, pois a criação de cursos de graduação para a formação de novos agentes tem duração entre quatro e cinco anos. A universidade, por ser plural, é percebida como organização neutra. Daí o importante papel para a universidade regional que representa o projeto e não toma partido, seus interesses são plurais, e a imagem é a da neutralidade da qual se pode ter uma meta visão colaborativa para o desenvolvimento regional.