A cada ano, os agentes políticos assumem a responsabilidade de decidir como serão aplicados os recursos públicos arrecadados. A sociedade, em troca, espera que os montantes pagos na forma de impostos e taxas retornem na forma de bens e serviços públicos de qualidade. Mas será que isso realmente acontece? É evidente que não.
O problema não reside no fato de os cidadãos não pagarem impostos suficientes. A questão não é se deveríamos pagar mais impostos. Antes de considerar qualquer aumento na arrecadação, os agentes políticos deveriam buscar alternativas para melhorar a qualidade do gasto público, atingindo níveis adequados de eficiência e produtividade.
Vamos tomar a educação como exemplo. Todos os anos, discute-se e demanda-se o aumento de recursos para a educação, e, de fato, a cada ano os recursos aplicados na educação aumentam. Mas e os resultados? Analisemos a região de Apucarana, no estado do Paraná, composta por 13 municípios. As matrículas e o quantitativo de alunos mantidos no sistema até a nona série do ensino fundamental é consistente e estável. No entanto, na análise dos alunos que saem do 9º ano e deveriam se matricular na 1ª série do ensino médio revela-se uma evasão de 5%, que se soma a mais de 20% ao longo do ensino médio.
Essa evasão, de cerca de 30%, é um indicativo claro de que o sistema de educação está perdendo cerca de 1.000 alunos ao longo do ciclo da educação básica, somente na região citada. E quando se espera que esses alunos que permaneceram estudando acessem o ensino superior, a realidade é desanimadora: nem todos acessam, como evidenciado pelo volume de vagas não preenchidas nas primeiras séries do ensino superior.
Não é justo nem correto atribuir a responsabilidade aos profissionais da educação. Eles se preocupam e discutem esses temas e problemas com frequência. A responsabilidade deve recair sobre os agentes políticos, que precisam olhar com mais assertividade, compromisso e responsabilidade para os problemas reais que estão acontecendo e deixar de utilizar narrativas fantasiosas para obter mais votos e poder.
A educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de qualquer sociedade. É necessário que os recursos destinados a ela sejam geridos de forma eficiente e produtiva. No entanto, o que observamos é um ciclo vicioso de aumento de recursos sem um correspondente aumento na qualidade dos resultados. Basta analisarmos as avaliações educacionais de forma geral.
Os agentes políticos têm a obrigação moral e ética de transformar o dinheiro dos impostos em investimentos que realmente façam a diferença na vida das pessoas. Não é aceitável que, ano após ano, o mesmo discurso seja repetido sem que haja uma mudança significativa nas práticas e políticas educacionais.
Os dados da região de Apucarana são apenas um exemplo de uma realidade que se repete em diversas partes do país. A evasão escolar, a baixa taxa de transição para o ensino superior e a falta de preenchimento de vagas são sintomas de um sistema que precisa de uma reforma urgente e profunda.
Precisamos exigir uma atuação mais efetiva dos agentes políticos na resolução dos problemas reais da sociedade, especialmente na gestão dos recursos públicos e na melhoria da educação, um direito fundamental que tem sido negligenciado. A mudança começa com políticas públicas baseadas em dados concretos e compromissos reais, e a sociedade deve se unir para cobrar ações concretas, deixando de lado promessas vazias, a fim de construir um futuro melhor para nossas crianças e para o país.