Em cinco anos, o número de leitos pediátricos reduziu 13% na região. O percentual inclui tanto vagas de internamento para crianças na rede privada quanto do Sistema Único de Saúde (SUS). No total, a queda representa 23 leitos a menos neste período. Pelo SUS, a queda foi de 10 leitos, sendo 9 em Arapongas e um em Kaloré. Já na rede privada, a redução ocorreu em Apucarana, que perdeu 4 vagas, e Faxinal, que teve a maior queda, 10. Na contramão, Arapongas, neste mesmo período, registrou um leve aumento, passou de 3 para 4 vagas.
Em 2012, as 37 vagas ofertadas em hospitais privados representavam 22% do total de leitos da região. Já neste ano, o número de leitos pediátricos na rede privada representa 16%, somando 24 leitos. Em cinco anos, somente nos hospitais privados houve um corte de 13 leitos, o que representa uma queda total de 35%.
Os dados são do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde. No Sistema Único de Saúde, o cenário também é de queda. Em 2012, 131 vagas eram ofertadas nos municípios da região. Cinco anos depois, o número encolheu 7%, passando para 121 vagas.
A queda de leitos de internação em pediatria clínica - destinados a crianças que precisam permanecer no hospital por mais de 24 horas – é uma tendência em todo território nacional, segundo um levantamento recente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). De acordo com o relatório, em seis anos, mais de 10 mil leitos do gênero na rede pública de saúde foram desativados.
De acordo com a pesquisa, em 2010, 48,3 mil leitos pediátricos eram ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já em novembro passado (último dado disponível), a quantidade de leitos saltou para 38,2 mil, o que representa uma queda de cinco leitos por dia. O estudo observa ainda que 40% dos municípios brasileiros não têm nenhum leito de internação específico para crianças.
No vale do Ivaí, por exemplo, 14 dos 26 municípios oferecem leitos específicos para o público infantil, ou seja, 47% não tem nenhum leito de pediatria clínica. O médico pediatra Maurício Marcondes Ribas, secretário-geral do Conselho de Medicina do Paraná, observa que o Ministério da Saúde (MS) adotou uma política de redução de leitos desde 2010. Os maiores cortes acontecem nas áreas de psiquiatria, obstetrícia, pediatria e cirurgia geral. “Uma das alegações é uma mudança de estratégia apresentada pelo Governo Federal como a “desospitalização” na área da saúde mental e maior investimentos em alguns programas, como o Programa Saúde da Família.
Além disso, outro argumento é o avanço tecnológico, o que facilitaria o diagnóstico e encurtaria o tempo de internamento”, diz. Porém, segundo Ribas, o corte de leitos é preocupante. “A população aumentou nos últimos anos, o que não ocorreu na mesma proporção com o número de leitos. Essa dificuldade fica mais evidente nas cidades menores, porque em 60% dessas localidades não tem hospitais. E quanto o hospital é pequeno, com menos de 50 leitos, fica inviável o funcionamento diante dos valores repassados pelo SUS”, afirma. Uma das consequências, na avaliação do médico pediatra, é a superlotação das Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s).
“O paciente internado em estado grave numa UPA, pela própria estrutura da unidade, terá um diagnóstico tardio, o que pode comprometer a recuperação, além, de em alguns casos, não ter a doença tratada de forma definitiva”, pontua. Ribas observa que as crianças passam pela mesma situação. “ Um bom diagnóstico é essencial nas primeiras horas”, afirma. Hospital da Providência é referência.
O Hospital da Providência Materno Infantil, o maior do Vale do Ivaí, mantém o mesmo número de vagas ofertadas pelos Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2012, 35. Já no particular, houve uma queda de 28%, passando de 14 para 10 vagas. Segundo a diretora geral da unidade médica, irmã Geovana Aparecida Ramos, a quantidade de leitos pediátricos (SUS) que existe hoje em Apucarana é a mesma desde quando assumiu o Santa Helena, em 2006. “No entanto, o hospital tem uma demanda crescente e a cidade se consolidou como uma referência em saúde para os municípios da região”, diz.
A diretora diz ainda que, em geral, a UTI neonatal do Hospital Materno Infantil atende casos de prematuridade com uma equipe especializada e aporte para patologias em geral. “Em alguns casos há necessidade de transferência para outras unidades, que são realizadas via Central Reguladora de Leitos”, afirma. A unidade dispõe de oito leitos de UTI neonatal e duas de UTI pediátrica.
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