MARINA DIAS E BRUNO BOGHOSSIAN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O núcleo do governo Michel Temer avaliou como precipitadas as articulações de Rodrigo Maia (DEM-RJ) que poderiam levar à queda do presidente e agora vê uma tentativa estratégica do presidente da Câmara de se distanciar desses movimentos.
A avaliação do Palácio do Planalto é de que Maia errou ao participar de conversas com parlamentares da base aliada e da oposição que já articulam um cenário pós-Temer.
Segundo aliados do presidente, Maia percebeu que sua postura o desgastou e passou a tentar transmitir, mesmo que de maneira tortuosa, a imagem de que não está conspirando contra Temer.
Nos últimos dois dias, o presidente da Câmara fez um recuo calculado de sua postura diante da crise política.
Depois de participar, no domingo (9), de uma conversa com Temer considerada ruim pelos dois lados, Maia fez gestos de reaproximação com o presidente da República.
Disse a aliados que precisava "desfazer intrigas" e reforçar o que chama de "postura institucional" frente à tramitação da denúncia contra o peemedebista na Câmara.
Maia voltou ao Palácio do Jaburu na noite de segunda (10) para uma nova conversa reservada com Temer, em que disse que não seria possível acelerar esse processo da forma como o governo quer, mas que marcaria a votação da denúncia em plenário logo após uma decisão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Na terça (11), ele fez um apelo aos deputados para que encerrem a votação o quanto antes. "O Brasil não pode esperar 15 dias. Precisamos dar uma resposta ao pedido da PGR para que possamos voltar à nossa agenda de reformas", disse.
A reaproximação, entretanto, teve contradições. Na tarde de terça (11), Maia faltou a uma solenidade no Planalto da qual, segundo sua agenda oficial, participaria ao lado do presidente.
Para aliados do presidente da Câmara, essa mudança de comportamento se deve à uma perspectiva de que Temer tem hoje apoio suficiente para sobreviver à votação no plenário da primeira denúncia contra ele.
Por isso, qualquer movimento incisivo de Maia seria ineficaz e só alimentaria a pecha de conspirador imposta a ele.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara tem dito em reuniões privadas que Temer poderá sobreviver à votação da primeira denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), mas que sucumbiria quando a segunda acusação chegasse à Câmara.
Aliados de Maia, sucessor imediato em caso da derrocada de Temer, reconhecem que os movimentos a seu favor ganharam corpo muito rapidamente e que, com a previsão de que o presidente conseguirá os 172 votos para barrar a primeira denúncia, o ideal era que Maia submergisse.
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