MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

ATUALIZADA - Polícia removeu corpos de sem-terra antes da realização da perícia no Pará

FABIANO MAISONNAVE E AVENER PRADO, ENVIADOS ESPECIAIS PAU D'ARCO, PARÁ (FOLHAPRESS) - Em ação criticada pelo Ministério Público Federal, policiais civis e militares do Pará retiraram os corpos de dez sem-terra mortos a tiros, na última quarta-feira (24),

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 25.05.2017, 22:35:08 Editado em 26.05.2017, 00:01:00
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

FABIANO MAISONNAVE E AVENER PRADO, ENVIADOS ESPECIAIS

continua após publicidade

PAU D'ARCO, PARÁ (FOLHAPRESS) - Em ação criticada pelo Ministério Público Federal, policiais civis e militares do Pará retiraram os corpos de dez sem-terra mortos a tiros, na última quarta-feira (24), sem realização de perícia.

O massacre ocorreu por volta das 5h na fazenda Santa Lúcia, localizada na área rural de Pau D'Arco (867 km ao sul de Belém). A propriedade estava invadida por um número não definido de sem-terra, contrariando uma decisão judicial de despejo.

continua após publicidade

Segundo a versão oficial, 24 policiais civis e militares foram ao local cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra sem-terra acusados de matar um segurança da fazenda, em 30 de abril. No local, teriam sido recebidos a tiros e revidaram. Nenhum agente de segurança ficou ferido.

"O local onde ocorre uma barbárie dessas tem de ser preservado", disse a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat. "Agora é impossível reconstituir o que ocorreu ali."

Nesta quinta-feira (25), Duprat visitou a fazenda acompanhada do Ministério Público Estadual e de policiais estaduais.

continua após publicidade

Em declarações após uma caminhada de cerca de duas horas, ela disse que não encontrou nenhum sinal de violência no suposto local do massacre.

"Não, nenhum sinal de sangue, bala, cheiro, nada.", afirmou. "Saímos de lá muito pouco convencidos de que os fatos ocorreram na forma descrita pela polícia."

No local, de difícil acesso e também visitado pela reportagem, havia objetos revirados, como panelas, roupas, sacos plásticos, comida e lona. O acampamento estava dentro de uma pequena mata cercada de pasto.

continua após publicidade

Também presente na visita, o advogado da CPT (Comissão Pastoral da Terra) José Batista Afonso, comparou o procedimento policial no local ao do massacre de Eldorado do Carajás, de 1996, quando a PM matou 19 sem-terra ligados ao MST. "Nos dois casos, o local do crime não foi preservado."

Afonso disse que encontrou indícios de chacina nos corpos, como tiros na altura do peito, e afirmou que solicitará a participação da Polícia Federal nas investigações.

continua após publicidade

Também presente na visita, o presidente do CNDH (Conselho Nacional dos Direitos Humanos), Darci Frigo, disse que a "destruição da cena do crime foi uma ilegalidade flagrante".

"A maioria dos crimes insolúveis ocorre quando a polícia mexe na cena do crime e não permite que haja coleta de provas", afirmou, ao ressaltar que havia pelo menos um delegado e um oficial da PM na operação de quarta.

Questionada pela reportagem sobre o procedimento adotado, a Secretaria da Segurança Pública do Pará se limitou a dizer, por meio de nota, que "aguardará o andamento e o resultado das investigações".

continua após publicidade

Por falta de estrutura na região da chacina, os corpos foram levados para perícia para Marabá e Parauapebas. Ainda não há previsão para o enterro.

Em entrevista coletiva em Belém, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que pedirá o afastamento dos policiais envolvidos na chacina, para não prejudicar as investigações.

SEM-TERRA

Sem filiação a nenhuma organização, os dez mortos faziam parte de um grupo maior de sem-terra que estava no local. Após a ordem de reintegração de posse, a maioria decidiu abandonar a área.

Depois do assassinato do segurança, a Federação Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Pará (Fetraf), ligada à CUT, rompeu com o grupo, afirmando que não houve cumprimento das orientações repassadas.

"Não queremos pactuar e tampouco participar de outros episódios que por ventura possam vir a acontecer", dizia a nota, datada de 4 de maio.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "ATUALIZADA - Polícia removeu corpos de sem-terra antes da realização da perícia no Pará"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!