ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), preso sob acusação de corrupção, se queixou das denúncias feitas contra a sua mulher, Adriana Ancelmo, e as suspeitas sobre o escritório de advocacia da ex-primeira-dama.
Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, ele repetiu a versão dada ao juiz Sergio Moro sobre a origem dos recursos usados para compras feitas em dinheiro e joalherias. Afirmou ter utilizado sobras de caixa dois de campanha.
Seguindo a mesma estratégia, Cabral eximiu a mulher de qualquer responsabilidade. Disse ter adquirido com as joias "em datas comemorativas para presenteá-la" e declarou que ela não conhecia a origem do dinheiro.
Num depoimento curto e monossilábico -diferente do prestado a Moro-, Cabral só estendeu sua fala ao criticar as suspeitas sobre a atividade do escritório da mulher.
"Me causa espécie ver o tratamento dado a ela. Uma maneira absurda. Um escritório que existia, trabalhava, realizava seus serviços. Jamais interferi no dia a dia do escritório dela, e jamais ela interferiu no meu trabalho", afirmou.
"Conheci a Adriana como profissional liberal, com seu escritório já estabelecido. E ela me conheceu já como parlamentar, presidente da Assembleia Legislativa. Seguimos respeitando nossas individualidades."
Cabral depôs pela primeira vez para Bretas, responsável por oito ações penais contra ele -há apenas um processo em Curitiba, totalizando nove.
O processo no qual prestou depoimento nesta quarta refere-se ao suposto pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez. De acordo com o Ministério Público Federal, ele cobrou 5% de vantagens indevidas sobre os contratos da empreiteira.
O ex-governador negou que tenha pedido propina. Ele só respondeu aos questionamentos de sua defesa e de Adriana Ancelmo.
Deixe seu comentário sobre: "ATUALIZADA - Tratamento dado à minha mulher é absurdo, diz Cabral em depoimento"