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Não cumprimos o que devíamos, diz sociólogo após 30 anos da Constituição

GUILHERME ZOCCHIO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quase três décadas após a promulgação da atual Constituição brasileira, o sociólogo José de Souza Martins, 78, afirmou que o país está encerrando um período de desapontamentos e de ‘não cumprimentos de possib

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 29.04.2017, 08:00:09 Editado em 29.04.2017, 10:21:24
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GUILHERME ZOCCHIO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quase três décadas após a promulgação da atual Constituição brasileira, o sociólogo José de Souza Martins, 78, afirmou que o país está encerrando um período de desapontamentos e de ‘não cumprimentos de possibilidades históricas‘.

Professor emérito da USP, escritor premiado por toda a sua obra e um dos mais importantes intelectuais do país, ele fez a declaração, na última terça-feira (25), no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo.

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Ele participou do lançamento do livro ‘O Brasil no Contexto: 1987-2017‘, por ocasião do aniversário de 30 anos da Editora Contexto. A publicação reúne artigos de 17 autores que discorrem sobre mudanças que o país passou desde a redemocratização até os dias mais recentes.

Entre eles, Martins, que disse estar "pela primeira vez na vida sem nenhuma propensão ao otimismo". "Sou de uma geração que passou por vários momentos da história. Vi mais de uma ditadura [na era Vargas e com os militares], vi racionamentos [de água], vi blecautes e estou um pouco cansado do que já vi."

O sociólogo afirmou que as últimas três décadas foram marcadas pela persistência de problemas históricos no Brasil. Alguns deles, como necessidade da reforma agrária, corrupção nas esferas de governo e a criminalidade urbana, citados no seu capítulo ‘Sociedade brasileira‘ do livro da Contexto.

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De acordo com Martins, o período se caracterizou por ‘muito radicalismo‘, em discursos e práticas de intolerância, ‘muito corporativismo‘ na defesa dos interesses de poucos grupos e ‘muita falta de democracia‘, de forma que não houve ruptura efetiva com o legado do regime militar no país.

"Tínhamos alguma certeza de que mudanças seriam viáveis, mas vivemos uma série de recuos", disse.

Alguns desses recuos são as reformas da Previdência e trabalhista, segundo o economista Antonio de Correa Lacerda, outro autor do livro presente na ocasião. Para ele, o país vive um momento de desmonte daquilo que foi previsto na Constituição de 1988.

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"O governo atual, talvez por não ter passado pelo crivo das urnas, tem desrespeitado preceitos ao tentar aprovar [algumas medidas] de forma açodada e sem o devido debate", afirmou.

Apesar do momento atual, o historiador Jaime Pinsky, fundador da Contexto, disse que seu objetivo é manter o debate de ideias. "Otimistas ou pessimistas, o importante é termos pessoas preocupadas com o conhecimento, em abrir novos horizontes e pensar criticamente as coisas."

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Sua editora leva o mesmo nome de uma publicação acadêmica que foi referência na resistência à ditadura. A revista ‘Contexto‘, criada por ele, Martins e Florestan Fernandes (1920-1995) fazia contraponto às ideias políticas, econômicas e culturais do regime militar.

JANELAS PERDIDAS

O hiato desde a redemocratização também foi marcado por ‘janelas perdidas‘ no esporte, de acordo com o locutor e jornalista Milton Leite, do canal SporTV, que assina artigo no livro e também participou do evento na última terça.

Ele afirmou que, nos últimos 30 anos, não houve a elaboração de um projeto esportivo nacional. "Nunca houve tanto dinheiro no esporte, após sediarmos os Jogos Pan-Americanos, a Copa do Mundo e a Olimpíada, e nada disso que ficou está sendo aproveitado."

Para Leite, exemplo maior dessa situação é o abandono dos equipamentos deixados pelos grandes eventos no país. Segundo o jornalista, essas oportunidades perdidas refletirão no próximo ciclo olímpico. "Será um dos piores da história do Brasil", concluiu.

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