BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a abertura de um inquérito para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Bezerra (PSB-PE), além do governador de Alagoas Renan Calheiros Filho (PMDB).
O pedido para investigar os políticos feito pela PGR (Procuradoria Geral da República) cita os depoimentos dos delatores da Odebrecht Ariel Parente, Alexandre Biselli, Cláudio Melo Filho, Fabiano Munhoz, Benedicto Barboza Júnior e João Pacífico.
A informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", que também tornou público o despacho de Fachin assinado na segunda-feira (4).
Segundo a PGR, os delatores narraram tratativas realizadas em 2009 e 2010 com Ricardo Aragão, interlocutor do Secretário de Infraestrutura do Estado de Alagoas à época, para realizar um acordo entre as empresas que participariam da construção do canal do sertão alagoano.
"Houve a solicitação de pagamento de propina a diversos agentes públicos, dentre eles o então governador do Estado de Alagoas, Teôtonio Vilela (PSDB), ao então secretário Marco Antônio Fireman e a Fernando Nunes, fixando-se o percentual de de 2,25% do total do contrato", diz o documento.
Além desses pagamentos, os delatores relataram o repasse de R$ 500 mil em espécie a Renan Calheiros. O fato, segundo a delação, foi tratado em reunião com o político no Hotel Radisson, em Alagoas.
A quantia foi disponibilizada pela Odebrecht por meio do setor de operações estruturadas, área responsável por pagamentos de propina e caixa 2 da empreiteira.
Em relação ao deputado Fernando Bezerra, os delatores da Odebrecht relataram que ele pediu R$ 1 milhão em 2013 na época em que era Ministro de Integração Nacional. A solicitação estaria atrelada a liberação de verbas para obras do canal do sertão alagoano.
A solicitação partiu de Iran Padilha, intermediário do então ministro, que recebeu o montante, segundo os delatores.
Também foram noticiadas doações ao então candidato ao governo do Estado de Alagoas, Renan Calheiros Filho.
No despacho, fica claro que para a PGR há indícios de que o dinheiro recebido pelos políticos era propina.
Esses depoimentos basearam a primeira operação policial com diligências assinadas pelo STF, a Satélites, deflagrada em março.
Naquela data, foram cumpridos mandados em Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e Distrito Federal envolvendo pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), seu filho Renan Calheiros Filho, o deputado Fernando Bezerra, além dos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Eunício de Oliveira (PMDB-CE).
Os políticos, porém, não foram atingidos diretamente por essa fase, que não incluiu pessoas com foro privilegiado.
OUTROS SENADORES
Os senadores Eduardo Alves do Amorim (PSC) e Maria do Carmo Alves (DEM) foram citados pelos delatores Alexandre José Lopes Barradas e Fernando Luiz Ayres da Cunha Reis.
Eles teriam recebido repasses não declarados de R$ 600 mil da Odebrecht para eleições ao governo do Estado de Sergipe e ao Senado Federal, respectivamente.
Segundo os delatores, os pagamentos foram intermediados pelo então prefeito de Aracaju (SE), João Alves (DEM).
As delações foram tornadas públicas pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
O ministro pede ainda que a Procuradoria-Geral da República considere a possibilidade de se extinguir a punição sobre Maria do Carmo Alves devido à idade da senadora -ela tem 75 anos.
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