MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

ATUALIZADA - Operação da Polícia Federal prende ex-secretário de Saúde de Cabral no Rio

LUCAS VETTORAZZO, BELA MEGALE E GABRIELA SÁ PESSOA RIO DE JANEIRO, RJ, BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A força-tarefa da Lava Lato no Rio prendeu nesta terça-feira (11) o ex-secretário Sérgio Côrtes, que comandou a pasta da Saúde no governo S

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 11.04.2017, 12:40:07 Editado em 11.04.2017, 14:05:08
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

LUCAS VETTORAZZO, BELA MEGALE E GABRIELA SÁ PESSOA

continua após publicidade

RIO DE JANEIRO, RJ, BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A força-tarefa da Lava Lato no Rio prendeu nesta terça-feira (11) o ex-secretário Sérgio Côrtes, que comandou a pasta da Saúde no governo Sérgio Cabral (PMDB), e outras duas pessoas sob suspeita de fraudes no fornecimento de próteses para o Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia).

A operação, denominada Fatura Exposta, é resultado do aprofundamento das investigações Calicute e Eficiência, que apontou que o esquema operava não apenas em contratos de obras públicas, mas também em desvio de verbas destinadas à saúde.

continua após publicidade

A suspeita é que R$ 300 milhões tenham sido desviados por meio de fraudes em licitações entre 2007 e 2016, segundo estimativa da Receita Federal, que integra a força-tarefa. A investigação se apoia em indícios de irregularidades e na delação do ex-subsecretário de Saúde, Cesar Romero.

Segundo a apuração, Côrtes favoreceu a empresa Oscar Iskin, uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio, quando foi titular da pasta.

Além do ex-secretário, foram presos Miguel Iskin, dono da empresa, e seu sócio em outras empresas Gustavo Estellita. Eles serão indiciados sob suspeita de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

continua após publicidade

De acordo com a força-tarefa, servidores públicos investigados influenciavam as licitações para beneficiar a Oscar Iskin em troca de propina sobre os contratos, muitas vezes sob suspeita de superfaturamento de até 10% de seu valor. Eram contratos para fornecimento de material hospitalar e próteses mecânicas.

Iskim também é suspeito de organizar um cartel para vencer licitações internacionais. Nesses casos, o esquema também superfaturava valores e utilizava mecanismo ilegal para considerar o pagamento de impostos sobre a importação, quando os produtos eram isentos de tributo, já que quem operava as importações eram órgãos estaduais.

Embora tenha "nacional" no nome, o Into é um hospital estadual. Côrtes, enquanto secretário de Saúde, foi um dos responsáveis pela reforma e mudança da sede para um novo prédio na avenida Brasil, em 2011. O ex-secretário também dirigiu o Into.

continua após publicidade

DIVISÃO

De acordo com procurador Eduardo El Hage, o montante desviado tinha vários destinos. Cerca de 5% do arrecadado era entregue a Sérgio Cabral, numa espécie de "praxe de mercado" no que diz respeito a fraudes no Estado.

continua após publicidade

Os investigadores acreditam que Cabral chegou a receber R$ 16,4 milhões em propinas entre 2007 e 2016. Há suspeitas de que o ex-governador recebia uma mesada de R$ 450 mil do esquema.

Os demais envolvidos recebiam da seguinte forma, segundo os investigadores: 2% para Côrtes, 1% para o subsecretário e hoje delator Romero, 1% para demais funcionários da secretaria e 1% para os conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado).

A Receita Federal e o Ministério Público Federal acreditam que os valores eram remetidos de forma ilegal a uma conta do Bank of America nas Ilhas Virgens Britânicas. Essa conta estaria em nome de Iskim, e os investigadores ainda não tiveram acesso aos recursos. Dependem, explicou o auditor Cleber Homem da Silva, de colaboração internacional.

continua após publicidade

Além da delação de Romero, o esquema já tinha sido mencionado por outros delatores da operação Calicute, os irmãos Renato e Marcelo Chebar. A investigação também encontrou anotações do operador Carlos Bezerra sobre a suposta distribuição do dinheiro desviado e os integrantes do grupo.

Além disso, foi identificada grande quantidade de ligações telefônicas entre Bezerra, Hudson Braga, ex-secretário de obras de Cabral, e Iskim. Bezerra e Braga estão presos, assim como Cabral.

OBSTRUÇÃO

continua após publicidade

A Procuradoria pediu prisão de Côrtes por suspeita de que ele estaria manobrando para atrapalhar as investigações. Segundo o procurador El Hage, o colaborador, quando ainda estava em processo de negociação dos termos da delação, recebeu telefones e visitas de Côrtes, em que teria sido discutido uma forma de omitir certos personagens do esquema.

Côrtes teria oferecido ao colaborador pagar seus advogados e em troca eles combinariam o que seria dito. O colaborador gravou essas conversas e as entregou ao Ministério Público Federal. "Ele dizia ao colaborador: 'Não adianta você delatar A,B ou C e eu delatar D, E e F'", explicou El Hage.

continua após publicidade

A força-tarefa não divulgou se estaria negociando ou não delação premiada de Côrtes. "Ele estava atuando de maneira semelhante a do Delcídio Amaral, quando tentou barrar trechos da delação de Nestor Cerveró", disse.

Outro motivo para o pedido de prisão é que muitos dos contratos firmados com empresas do esquema ainda estão em vigor, motivo pelo qual os investigadores suspeitam que ainda pode haver desvios em curso.

Ao todo, foram executados 40 mandados de busca e apreensão no Rio e no Distrito Federal, em residências e empresas dos envolvidos. Côrtes, Iskim e Estelitta foram presos preventivamente.

A reportagem ainda não localizou os advogados dos suspeitos.

GUARDANAPO

Côrtes é um dos diretores executivos da Rede D'Or, uma das maiores redes de hospitais do país. Foi secretário de Saúde do Rio de 2007 a 2013 e diretor do Into, órgão agora investigado, de 2002 a 2006.

Ele acompanhava Cabral em um jantar em Paris em 2011, na companhia do empresário Fernando Cavendish, da Delta Construções. Os comensais -o grupo incluía secretários de Estado- posaram com guardanapos amarrados à cabeça, dançando.

As fotos foram divulgadas pelo ex-governador Anthony Garotinho, que os apelidou de "gangue do guardanapo".

Em 2009, Côrtes e o então subsecretário de Comunicação, Ricardo Cota, foram condenados por usar verbas da saúde em publicidade institucional: a pasta repassou R$ 10,15 milhões para a subsecretaria para uso em publicidade institucional.

A prática foi considerada um desvio de finalidade pela Justiça e os dois tiveram de devolver esses valores aos cofres públicos.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "ATUALIZADA - Operação da Polícia Federal prende ex-secretário de Saúde de Cabral no Rio"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!